Cerejeiras florescem mais cedo no Japão em 1.200 anos
Florada antecipada preocupa cientistas porque indica mudanças climáticas
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
O florescer das famosas cerejeiras brancas e rosas leva milhares às ruas e parques do Japão para observar o fenômeno, que dura poucos dias e é reverenciado há mais de mil anos. Mas este ano a antecipação da florada tem preocupado cientistas, pois indica impacto nas mudanças climáticas.
Segundo registros da Universidade da Prefeitura de Osaka, em 2021, as famosas cerejeiras brancas e rosas floresceram totalmente em 26 de março em Quioto, a data mais antecipada em 12 séculos. As floradas mais cedo foram registradas em 27 de março dos anos 1612, 1409 e 1236.
A instituição conseguiu identificar a antecipação do fenômeno porque tem um banco de dados completo dos registros das floradas ao longo dos séculos. Os registros começaram no ano 812 e incluem documentos judiciais da Quioto Imperial, a antiga capital do Japão e diários medievais.
O professor de ciência ambiental da universidade da Prefeitura de Osaka, Yasuyuki Aono, responsável por compilar um banco de dados, disse à Agência Reuters que o fenômeno costuma ocorrer em abril, mas à medida que as temperaturas sobem, o início da floração é mais cedo.
"As flores de cerejeira são muito sensíveis à temperatura. A floração e a plena floração podem ocorrer mais cedo ou mais tarde, dependendo apenas da temperatura. A temperatura era baixa na década de 1820, mas subiu cerca de 3,5 graus Celsius até hoje”, disse.
Segundo ele, as estações deste ano, em particular, influenciaram as datas de floração. O inverno foi muito frio, mas a primavera veio rápida e excepcionalmente quente, então "os botões estão completamente despertos depois de um descanso suficiente".
Na capital Tóquio, as cerejeiras atingiram o máximo da florada em 22 de março, o segundo ano mais cedo já registrado. "À medida que as temperaturas globais aumentam, as geadas da última Primavera estão ocorrendo mais cedo e a floração está ocorrendo mais cedo", afirmou Lewis Ziska, da Universidade de Columbia, à CNN.
A Agência Meteorológica do Japão acompanha ainda 58 cerejeiras "referência" no país. Neste ano, 40 já atingiram o pico de floração e 14 o fizeram em tempo recorde. As árvores normalmente florescem por cerca de duas semanas todos os anos. “Podemos dizer que é mais provável por causa do impacto do aquecimento global”, disse Shunji Anbe, funcionário da divisão de observações da agência.
Dados Organização Meteorológica Mundial divulgados em janeiro mostram que as temperaturas globais em 2020 estiveram entre as mais altas já registradas e rivalizaram com 2016 com o ano mais quente de todos os tempos.
As flores de cerejeira têm longas raízes históricas e culturais no Japão, anunciando a Primavera e inspirando artistas e poetas ao longo dos séculos. Sua fragilidade é vista como um símbolo de vida, morte e renascimento.
Atualmente, as pessoas se reúnem sob as flores de cerejeiras a cada primavera para festas hanami (observação das flores), passeiam em parques e fazem piqueniques embaixo dos galhos e abusar das selfies. Mas, neste ano, a florada de cerejeiras veio e se foi em um piscar de olhos.
Com o fim do estado de emergência para conter a pandemia de Covid-19 em todas as regiões do Japão, muitas pessoas se aglomeraram em locais populares de exibição no fim de semana, embora o número de pessoas tenha sido menor do que em anos normais.