BBB 24: 'Coaches' explicam a importância de seu trabalho ao treinar participantes do reality
Yasmin Brunet, assim como Fiuk e Arthur Aguiar, recorreu a mentoria para não fazer feio no BBB; 'Não se preparar é um equívoco', diz profissional
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Quando Fiuk contratou uma professora de história em 2021 para evitar passar vexame no BBB, o tema virou polêmica. Afinal, ser ou não ser cancelado publicamente é uma questão de caráter ou de estar bem informado?
Carol Sodré, mestre em história afro-brasileira, foi quem se encarregou de dar um panorama sobre as questões raciais e sociais do Brasil para Fiuk. Ela afirma que o cantor ficou extremamente impactado com o conteúdo das aulas, o que pode tê-lo levado a internalizar uma "culpa do homem branco" -- o que resultou em cenas de choro e sofrimento diante das câmeras do reality.
"Acredito que foi genuína a forma como ele reagiu. Ele ficou muito impressionado durante as aulas, chorava", conta Carol, que trabalha como professora de ensino médio e divulgadora científica.
Para ela, não há nada de errado em um participante querer se preparar para o programa, pelo contrário: "São milhares de pessoas assistindo, é uma ferramenta poderosa para propagar conteúdo", defende. "É uma responsabilidade enorme estar no BBB."
Na atual edição, quem buscou preparação com um coach foi Yasmin Brunet. Na mesma toada de Fiuk, a modelo queria se atualizar das discussões contemporâneas para não dar nenhuma bola-fora. Procurado pelo F5 para comentar, o coach de Yasmin afirmou ter contrato de confidencialidade.
Capacitismo
Da edição atual, Carol destaca o exemplo do paratleta Vinícius para mostrar a diferença que um preparo pode fazer no reality show. Para ela, o debate sobre o capacitismo poderia ter rendido mais frutos se Vinícius tivesse embasamento teórico.
"Ele não se incomoda com os apelidos, mas talvez ele não esteja falando por todas as pessoas que têm deficiência. Se ele tivesse sido orientado, poderia ter feito um letramento em rede nacional", diz.
A mentora artística Gis de Oliveira, que foi coach de Carla Diaz (ela esteve na mesma edição de Fiuk), e de Arthur Aguiar, campeão do BBB 22, concorda.
"Equivocado é quem entra no BBB sem nenhum tipo de preparação", afirma Gis. Do ponto de vista comercial, a mentora vê o reality como uma grande vitrine para quem participa. Mas é preciso ter o preparo certo.
Aulas para o heterotop
Gis fala com orgulho de seu maior "case de sucesso": Arthur Aguiar, que entrou cancelado e saiu campeão do programa. Com histórico de traições à ex-mulher, Mayra Cardi, Arthur procurou o trabalho de Gis na tentativa de usar o BBB para limpar sua imagem. Deu certo.
"Ensinei a ele o que é um 'heterotop', o que é um 'macho tóxico', quais foram os erros que ele cometeu ao não se posicionar quando surgiram mentiras sobre ele. Ele estava cancelado no mercado há dois anos. Nenhuma marca ou pessoa quer se associar a alguém com imagem de machista", afirma Gis.
A mentoria de Gis vai desde um estilista para vestir o participante até terapeuta neurolinguístico. Mas ela afirma que o principal é trabalhar com a verdade. "A gente não faz a pessoa treinar a fala. A gente entende a identidade da pessoa, quais são as forças e fraquezas dela, para prepará-la da melhor forma dentro que ela é", explica.
Personagem só dura duas semanas
"Se não tiver 100% de verdade, não tem como trabalhar"—essa é a máxima de Gis. Segundo ela, é "cientificamente comprovado" que ninguém consegue sustentar um personagem por mais de 10 ou 15 dias em situações de confinamento e pressão extrema, como no BBB.
"Até porque o programa é feito para desestabilizar emocionalmente a pessoa", diz. Se o participante está em uma situação de alta pressão, um gatilho disparado —às vezes até propositalmente pela produção do programa— pode levá-lo a um choque e ele poderá perder o controle.
Ou seja, não dá para fingir algo que não se é. "Um bom preparador vai procurar estruturar temas de responsabilidade social, mas sempre dentro dos limites daquele ser humano", diz. Não há interpretação que aguente mais de 15 dias. Mais cedo ou mais tarde, a máscara cai.
Mentoria não é trapaça
Gis atenta para o fato de que participantes que buscam mentores ou coachs são vistos como trapaceiros no programa. "Muita gente diz 'Fulano contratou preparador, está roubando'. Não é roubar, pelo contrário, todo mundo deveria ter um preparador na vida, para ajudar a entender sua própria imagem, saber onde chegar e como trabalhar nisso".
Carol Sodré concorda: "Essa abordagem de 'Fulano buscou coach para não ser racista' é sensacionalista. Se uma pessoa busca se informar, isso é legítimo. Prefiro que as pessoas se importem para chegar em um programa dessa magnitude e não falar besteira do que chegar propagando desinformação."