Televisão

Narradora mais jovem de Copa na história se inspira em Luciano do Valle e queria ser jogadora

Letícia Macedo tem 19 anos, faz preparação especial para a voz e começou aos 15

Letícia Macedo na Cazé TV - Divulgação/Cazé TV

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Quem assiste com frequência aos jogos da Copa do Mundo feminina na Cazé TV já reparou em uma garota nova, com voz potente e carisma, muito carisma. Letícia Macedo, de 19 anos, é a mais jovem narradora a comandar um jogo do Mundial e vem chamando atenção de quem entende do assunto.

Seu sonho, na verdade, era ser jogadora e estar no campo, mas faltou algo —e esse "algo" está longe de ser um detalhe. "Eu tinha tudo: chuteira, meião e apoio dos meus pais, mas não tinha o mais importante, que era o talento", disse, ativando o modo sincerona, em entrevista ao F5.

Sua lista de inspirações profissionais vai de Luciano do Valle (1947-2014), a André Henning, passando por Natália Lara e seu colega de trabalho Luis Felipe Freitas, titular do canal de Casimiro Miguel. No Mundial, Letícia Macedo já narrou confrontos importante como Espanha e Costa Rica, Suíça e Noruega e Itália e Argentina pela fase de grupos da competição. Ela narrará dois jogos das quartas de final: Japão x Suécia nesta sexta (11) e Inglaterra x Colômbia, no sábado (12).

Natural de Cubatão, mas moradora de Socorro, cidade a 130km da capital de São Paulo, Letícia teve um começo na carreira no mínimo curioso: aos 15, precisou precisou narrar um lance, como ela lembra, "do nada". Ela tinha acabado de se mudar para São Paulo e, depois de se formar em Organização Esportiva numa escola técnica, veio a oportunidade.

"Nessa época, apareceu uma chance de trabalhar numa webradio. Em uma das partidas, eu era plantonista, entrei no ar avisando que tinha um pênalti no jogo. O narrador me surpreendeu e pediu pra eu narrar o lance, daí, fui na intuição e narrei... Foi aí que me disseram que eu levava jeito e que narraria o próximo jogo, uma final, aos 16 anos. Nunca mais parei", lembra.

O que mais chama a atenção da audiência da Cazé TV é a voz potente. Letícia chega a ficar quase 15 segundos gritando gol, raro para narradores experientes, homens ou mulheres. Sabe aquele "Gooooooooooooooooooool!!!!", que parece infinito? Então. É disso que se trata.

Nada é por acaso, porém. Ela se cuida. "Fui criando uma maturidade e entendendo que não tem como sair num sábado à noite e narrar um jogo no domingo, preciso me preservar. A gente vai aprendendo e profissionalizando também isso".

Por causa do Mundial, Letícia fez trabalhos específicos com a fonoaudióloga Ana Cravo, que cuida de outros narradores também. "Letícia tem uma voz grave, firme, além de uma comunicação clara, expressiva e natural que conecta com a audiência", afirma Ana. "Faço inalação, e durante a Copa, percebi que a alimentação também é importante e tem total relação com a voz", comenta Letícia.

Por causa da pouca idade e ainda pelo fato de ser mulher, Letícia Macedo sofre com alguns ataques de pessoas que não gostam de mulheres narrando e ainda questionam como uma jovem de 19 anos está em um jogo de Copa do Mundo. Letícia confessa que já sentiu um tom de superioridade em algumas situações pelo repertório ainda pouco vasto.

"São dois fatores que fazem as pessoas se incomodarem: ser mulher e ser muito jovem. Já percebi, em outros lugares, um certo ar de superioridade por entenderem que o meu repertório ainda não estava super desenvolvido. Outros profissionais, como Luis Felipe Freitas e Raony Pacheco, da Cazé TV, e a comentarista Nathália Ferrão, têm tido paciência e dedicado tempo, acelerando meu caminho e me dando dicas preciosas", afirmou.

"Procuro me espelhar em profissionais antigos, com o Luciano do Valle, mas também em jovens consagrados, como o Everaldo Marques. Eu fico muito feliz quando dizem que eu sou da escola do André Henning e do Luis Felipe Freitas, por colocar emoção na narração. Entre as mulheres, gosto bastante da Natália Lara e me inspiro no pioneirismo da Luciana Mariano", concluiu Letícia.