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Copa do Mundo: Karine Alves, a repórter que trabalha feliz e sabe de sua importância

Elogiada pela incansável (e animada) cobertura do torneio, ela diz se inspirar em Glória Maria e Zileide Silva, que abriram as portas para jornalistas negras

Karine Alves conta que está 'vivendo um sonho' ao participar da cobertura da Copa - João Cotta/Globo

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São Paulo

Apresentadora e repórter da Globo, Karine Alves, 40, trabalha em sua primeira cobertura in loco de Copa do Mundo da carreira. E trabalha feliz, como faz questão de deixar claro em suas aparições durante os programas da emissora. Salvo em momentos tensos ou tristes, como a lesão de Neymar, Karine está sempre sorrindo ao trazer atualizações sobre os jogos e bastidores do torneio.

Ela comemora a oportunidade e se diz surpresa com os caminhos da vida, já que, quando escolheu fazer jornalismo, planejava trabalhar em veículos impressos -numa revista, de preferência. Gaúcha de Porto Alegre, Karine começou a carreira como editora de imagem na RBS TV, afiliada da Globo no Rio Grande do Sul, e, depois de um teste de vídeo, conseguiu entrar para a reportagem.

Começava ali a bem sucedida carreira da jornalista, que, se hoje aparece animada nas telas depois de mais de 12 horas de cobertura, é porque tem a sensação de que está realizando um sonho. "Meu objetivo sempre foi estar presente em grandes coberturas, sempre", diz.

Fazer participações ao vivo em um país culturalmente tão diferente e socialmente injusto tem sido um aprendizado para Karine, que já sentiu olhares atravessados nas ruas, e recebeu tratamento às vezes menos gentil do que gostaria por parte dos locais.

Ela não se sente atingida mas, apesar de não transparecer, não consegue ficar 100% relaxada. É preciso estar atenta e forte. "Nós, mulheres, ainda recebemos um tratamento diferente. O país tem uma cultura muito diferente da Ocidental. Vivenciamos uma certa tensão."

Karine afirma que, quando aparece na televisão para trazer as notícias do esporte, sabe que carrega consigo uma representatividade para as mulheres negras. "Eu tinha como referências as jornalistas Glória Maria e a Zileide Silva, mas que não eram do esporte. Ao aparecer com o meu cabelo natural na TV, sinto que estou passando a minha verdade e inspirando outras que não veem no seu dia a dia tanta representatividade no meio esportivo", explica.

"Eu recebo todos os dias muitas mensagens de mulheres que, ao me verem na TV, se sentem representadas. Isso é sinal que faz diferença para elas e que se enxergam de alguma forma em mim. Me deixa muito feliz e honrada", complementa.

Mas não é só profissionalmente que Karine constrói memórias de Copa. Quando o Brasil foi tetracampeão em 1994, ela diz que ganhou uma bicicleta e que ficou em dúvida se assistiria ao jogo ou andaria no brinquedo novo. Outra memória —nem tão positiva— foi o 7x1. "Quem esquece aquele jogo? Infelizmente, ele entrou para a história mas nem só de vitórias nós vivemos. Aprendemos muito nas derrotas também."