Jornalista vítima de assédio na Libertadores desabafa: 'Só queria trabalhar'
Após prisão preventiva, torcedor foi solto e responderá processo em liberdade
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A repórter Jéssica Dias, da ESPN, foi às redes sociais na madrugada desta sexta-feira (9) para falar pela primeira vez sobre o caso de assédio que sofreu, enquanto fazia uma reportagem ao vivo, na semifinal da Copa Libertadores na última quarta-feira (7). Na ocasião, um torcedor do Flamengo beijou seu rosto sem consentimento. Após ter prisão preventiva decretada, ele teve o alvará de soltura emitido nesta quinta (8).
"Foi só um beijinho no rosto. Não. Não foi. Antes tiveram muitos xingamentos e importunação porque o ao vivo demorava. Pedi calma e para que não ficasse xingando, não precisava. Vieram os 'pedidos de desculpa' com alisamentos nos ombros e um beijo no local", começou, relembrando o episódio.
"Eu estava prestes a ser chamada para o link e mantive a posição, existe uma logística que exige concentração. Outra tentativa de beijo no ombro. Me esquivei e meu câmera chamou a atenção dele. O último ato foi o beijo no rosto. Que poderia ter sido na boca e não mudaria nada. Eu sofri importunação sexual enquanto trabalhava e isso é crime."
"Eu não queria beijo, não queria carinho, não queria passar 3 horas em uma delegacia. Eu só queria trabalhar. O ser humano que fez isso estava com um filho menor de idade que se desculpou pelo pai. O menino não tem culpa, não punam a família dele", completou ela.
Em seguida, Dias agradeceu o apoio da sua equipe de trabalho, torcedores e telespectadores, e disse que ficará alguns dias afastada das redes sociais e dos canais da ESPN, e contou que irá se casar ainda nesta semana. "Sábado eu me caso e no altar vou beijar o homem que eu permiti que o fizesse."
O torcedor, identificado como Marcelo Benevides Silva, teve seu alvará de soltura emitido pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Agora, ele responderá em liberdade. Porém, a Justiça determinou a "proibição de saída do estado sem autorização judicial, proibição de contato com vítima e testemunhas, salvante se parentes" e "proibição de presença nos espetáculos esportivos com participação do Clube de Regatas do Flamengo enquanto perdurar o processo".
Inicialmente, ele teve sua prisão convertida em preventiva após uma audiência de custódia realizada no posto avançado do Juizado do Torcedor e dos Grandes Eventos. Ele já havia sido preso em flagrante, na 18ª DP (Praça da Bandeira), no Rio de Janeiro, nesta quarta-feira (7) após ser ouvido no estádio do Maracanã.
Assim como Dias citou em sua publicação, Silva estava acompanhado de seu filho, que nas imagens tenta puxá-lo para longe da jornalista. Após o ato, o Flamengo compartilhou nas redes sociais um comunicado repudiando o assédio cometido pelo torcedor rubro-negro. "É lamentável que atos repugnantes como este, que não representam a nação rubro-negra, ainda aconteçam."
O advogado do torcedor, Thiago José, afirmou que seu cliente "não cometeu um crime" e classificou o beijo como "fraternal", acrescentando que Silva não teve maldade em seu ato. "Um beijo de torcedor, um beijo de admirador, de uma pessoa que admira a equipe da ESPN. O meu cliente acompanha o trabalho da reportagem ESPN", disse ao UOL.