'Por Amor' faz sucesso 22 anos depois com história atemporal e personagens humanos
Especialistas e atores falam sobre os segredos da trama para prender o público
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O que uma mãe é capaz de fazer por um filho? Helena (Regina Duarte), a mocinha de “Por Amor”, novela da Globo de 1997, abre mão da própria felicidade para ver a filha, Eduarda (Gabriela Duarte), realizada. A forma como a trama de Manoel Carlos consegue mostrar o amor materno e os seus dilemas é, segundo especialistas em TV, um dos segredos para que a história continue prendendo a atenção do público mesmo 22 anos depois de ter ido ao ar pela primeira vez.
Em sua quarta reprise –a segunda no Vale a Pena Ver de Novo da Globo (as outras duas foram no canal Viva)– “Por Amor” tem média de 17 pontos de audiência na Grande São Paulo (cada ponto equivale a 73.015 domicílios), melhor resultado das últimas dez novelas reprisadas na faixa (ela empata com “O Rei do Gado”, reapresentada em 2015). Em todo o Brasil, até o início de junho, a novela tinha média de 16 pontos no Kantar Ibope (cada ponto equivale a 254.892 domicílios).
"É uma narrativa atemporal", avalia Claudino Mayer, doutor em ciências da comunicação pela USP (Universidade de São Paulo). Para o crítico de TV, Nilson Xavier, outro fator que explica o sucesso da trama é que ela mostra personagens humanos, que tocam na emoção das pessoas. "Sempre que passar, a gente vai assistir. São dramas humanos, com os quais o telespectador se identifica", afirma.
Xavier salienta que a novela é muito bem produzida, além de ter um ótimo elenco. "Ela tem uma qualidade de texto que as novelas atuais não têm. As produções de hoje apresentam histórias e narrativas fracas, que subestimam a inteligência do público", compara.
Outra característica de Manoel Carlos destacada pelos especialistas e por atores, como Fábio Assunção, que faz o mocinho Marcelo, é como o autor consegue desenvolver o enredo mostrando os personagens em situações do dia a dia. "É o drama intercalado com o humor e ilustrando o nosso cotidiano", diz o ator.
Isso, segundo Mayer, aproxima o telespectador da trama. Como exemplo, ele cita a história de Orestes (Paulo José), o pai de Eduarda e de Sandrinha (Cecilia Dassi), que é alcoólatra. "É como se ele fosse o nosso vizinho ou um amigo ou parente próximo. O alcoolismo é um problema comum na realidade brasileira e a maneira como ele [Manoel Carlos] descreve isso nos aproxima da história", analisa.
Segundo o site Memória Globo, o autor contou que o personagem Orestes nasceu de uma conversa com um amigo, em que eles concluíram que toda a família tem um alcoólatra, um ex-alcoólatra ou um alcoólatra em potencial. Ele também disse que, de fato, se baseou em pessoas e dramas comuns para escrever os enredos de "Por Amor".
Para Carolina Dieckmann, que faz a aspirante a modelo Catarina, a novela prende o público por ter histórias muito boas. "Acho o enredo da troca dos bebês genial. Sempre que posso, vejo a reprise, porque é uma trama muito envolvente."
Na novela não faltam também características clássicas da teledramaturgia, como um casal muito apaixonado, como Milena (Carolina Ferraz) e Nando (Du Moscovis). A vilã Branca é outro ponto alto de “Por Amor”. Interpretada por Susana Vieira, ela é do tipo que o público ama odiar.
Para a atriz, apesar de todas as maldades, a personagem era muito divertida, o que explica parte do seu sucesso. “Acho que o segredo do carisma da Branca é o senso de humor. Não fica pesada a vilania. As pessoas pegaram as falas da Branca e trouxeram para situações que vivemos no dia a dia. Então, no lugar do ódio as pessoas passaram a amar a Branca”, diz.
Muitas das frases da megera até viraram memes, como a que ela fala: “Mesmo uma mulher burra vale por dois homens. Porque o sexto sentido da gente é exclusivo, e sem ele nada se faz nesse mundo.” “Branca fala o que todo mundo gostaria de falar e não tem coragem”, conclui Susana Vieira.