Nerdices

Super-Homem bissexual e 5 outros heróis que romperam barreiras nos quadrinhos

Ilustração mostra o novo Superman, Jon Kent, sentado com o amigo Jay Nakamura em 'Superman: Son of Kal-El' - DC Comics/Via Reuters

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

É um pássaro? É um avião? Não, é aquele mesmo super-herói que você já viu milhões de vezes antes. Mas será o mesmo?

As coisas têm mudado ultimamente no mundo dos quadrinhos —gigantes da indústria como a Marvel e a DC têm feito um esforço para trazer mais diversidade para o universo dos super-heróis.

A DC Comics, por exemplo, acabou de anunciar que a última versão do Super-Homem, Jon Kent, será bissexual.

No próximo número da HQ, programado para novembro, Jon terá um relacionamento com um colega jornalista, Jay Nakamura.

A história é parte de "Superman: Son of Kal-El" (Super-Homem: Filho de Kal-El), série em que Jon assume a capa vermelha de seu pai, Clark Kent.

Outras HQs também tentaram romper barreiras e apresentar personagens com mais diversidade. Veja alguns exemplos de destaque:

UMA SUPER-HEROÍNA MUÇULMANA

Ela é uma garota de 16 anos, norte-americana e muçulmana, com problemas típicos de adolescente.

Mas diferentemente de outros jovens da sua idade, Kamala Khan tem superpoderes —como a capacidade de esticar e deformar o próprio corpo. Ela decidiu seguir os passos de seus heróis favoritos e usar suas habilidades recém-adquiridas para combater o mal, sob o nome de Miss Marvel.

Filha de imigrantes paquistaneses que vive em Jersey City, nos Estados Unidos, Kamala é um sucesso desde que foi lançada pela Marvel em 2014.

A criadora da personagem, a roteirista G. Willow Winson, disse que queria mudar a percepção sobre o que é ser garota e muçulmana nos Estados Unidos.

Miss Marvel já fez aparições em séries e videogames e deverá ter a estreia de sua própria série no ano que vem.

Kamala muitas vezes é tida como a primeira super-heroína muçulmana, mas em 2002 aparecia na revista "Novos X-Men" a personagem Pó, codinome de Sooraya Qadir. Era uma mutante nascida no Afeganistão que usava niqab (vestimenta islâmica que só deixa os olhos à mostra) e podia se transformar em uma nuvem de poeira.

Ilustração da heroína Miss Marvel, identidade secreta de Kamala Khan - Reprodução

DIVERSIDADE DE GÊNERO

Programado para chegar aos cinemas em novembro, o filme "Eternos", da Marvel, terá 10 seres com incríveis poderes que se juntam para proteger a Terra.

O grupo habita o mundo há mais de 35 mil anos e tem entre eles o primeiro herói da Marvel abertamente gay: Phastos.

Nos quadrinhos, Phastos é um mestre da invenção que cria armas e ajuda a humanidade mesmo vivendo nas sombras.

Phastos talvez seja o primeiro super-herói abertamente gay a aparecer no universo Marvel, mas outros personagens LGBT+ já estiveram em cena.

Valquíria era bissexual nos quadrinhos. No cinema, ela foi interpretada primeiramente pela atriz Tessa Thompson (que também é bi) em "Thor: Ragnarok" (2017). A personagem está na história de "Thor: Amor e Trovão", produção que será lançada no ano que vem.

A atriz e cantora Becky G fez em 2017 o papel de Trini, uma Power Ranger assumidamente lésbica, enquanto Deadpool é descrito como panssexual. A Batwoman foi originalmente concebida em 1956 como namorada do Batman, mas em 2006 foi apresentada como homossexual.

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E SUPERPODERES

Pessoas com Deficiência (PcD) têm aparecido já há muito tempo no mundo dos quadrinhos —como o Doutor Meia-Noite das décadas de 1940 e 1950, que é cego, e o Professor Xavier, a bússola moral dos X-Men, em sua cadeira de rodas.

O Demolidor da Marvel, que virou um blockbuster hollywoodiano em 2003 (com Ben Affleck no papel) e também uma série da Netflix em 2015, tem origem quando Matt Murdock perde a visão, após ser exposto a uma substância radioativa. Ele deixa de enxergar após o acidente, mas seus outros sentidos são aguçados.

Os fãs dizem que o Demolidor encoraja o aumento das muitas habilidades de uma pessoa em vez de focar nos limites que uma deficiência pode impor.

EMPODERAMENTO FEMININO

"Mulher-Maravilha", o blockbuster da DC de 2017 estrelado pela israelense Gal Gadot, recebeu vários elogios pela mensagem de empoderamento feminino.

O filme retrata uma personagem forte com emoções complexas —alguém que consegue cuidar de si mesma e dos outros - e não fica centrado só na beleza física da protagonista.

A DC Comics está promovendo uma série de eventos neste mês para os 80 anos da Mulher-Maravilha, que serão celebrados no dia 21 de outubro.

Entre eles, haverá a entrada da super-heroína no Hall da Fama da Comic-Con, em uma cerimônia virtual.

Mas há uma outra personagem que rompeu ainda mais barreiras e surgiu no mundo das HQs apenas seis meses antes da Mulher-Maravilha, em abril de 1941: Miss Fury, identidade secreta de Marla Drake, uma socialite nova-iorquina.

Ela não era dotada de grande força física e usava a inteligência para derrotar os seus inimigos.

Miss Fury é considerada bastante moderna para a sua época, dispensando pretendentes e adotando o bebê de sua arqui-inimiga - tornando-se assim uma mãe solteira.

A personagem foi criada e desenhada por June Tarpé Mills, que escolheu assinar apenas como Tarpé Mills para que os leitores dos anos 1940 não se "ficassem decepcionados" ao perceber que a HQ veio das mãos de uma mulher.

BLACK POWER

Um roteiro centrado em um super-herói negro e com um elenco predominantemente negro foi o marco de "Pantera Negra", da Marvel, lançado em 2018.

O filme foi um sucesso estrondoso, arrecadando US$ 1,3 bilhão nas bilheterias mundo afora. Foi também indicado a melhor filme no Oscar - a primeira produção de super-herói a alcançar o feito. Não ganhou, mas levou estatuetas em três outras categorias da premiação.

No filme, T'Challa, interpretado por Chadwick Boseman, volta para casa para assumir o lugar do pai como Rei de Wakanda.

A produção foge de velhos estereótipos da África: a nação fictícia do filme, rica em cultura e tecnologia, revigorou velhos padrões de blockbusters hollywoodianos.

A esperada continuação está em produção e deve estrear no ano que vem, mas não terá Boseman, que morreu no ano passado de câncer de cólon.