Sucesso nas redes, Petit Abel diz que ilustra BBB para conscientizar de forma leve
Com Mauricio de Sousa como referência, artista sonha em viver de sua arte
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Abel Marcelino, 32, ficou conhecido como Petit Abel nas redes sociais por ilustrar cenas do Big Brother Brasil desde a edição passada. Nascido em Tucano, no interior da Bahia, ele divide o tempo entre emprego de designer e as ilustrações do programa da Globo, para transmitir sua mensagem por meio dos desenhos.
O designer relembra que na edição de 2020 do BBB conseguiu ampliar seu alcance quando começou as ilustrações após o conflito na casa entre mulheres e homens. Na atual temporada, ele afirma que os desenhos começaram desde o início do reality "porque as pessoas já estavam esperando".
"No BBB 21, eu já encarei isso de uma forma mais profissional", diz Marcelino, em entrevista ao F5. "Muitos já estavam na expectativa de ter minhas ilustrações do programa. Encarei com mais compromisso", acrescenta o artista, que a cada semana publica ao menos duas ilustrações.
"Quando eu comecei a ilustrar o BBB foi uma coisa surreal", relembra. "Saí de 400 seguidores para 3.000, respondi às mensagens em vários idiomas, com a ajuda do Google tradutor", diz o artista, que ganhou o apelido de Petit ao morar na França, quando participou do programa Ciência sem Fronteiras. "Sou baixinho para o padrão francês, então os professores me chamavam de Petit Abel, que significa Abelzinho."
Petit Abel comenta que sua experiência em ilustrar o programa teve uma pequena aparição com na edição do BBB 9. "Publiquei um desenho no papel mesmo, super despretensioso na época", diz ao relembrar que também já chegou a ilustrar um livro de contos para a ex-BBB Angélica Morango.
A reprodução dos conflitos da casa e as referências do reality com a cultura brasileira, além de entreter, também buscam explorar pautas presentes na sociedade. É comum ver a temática LGBTQI+, racial e até de representatividade em suas publicações tanto sobre o programa quanto sem referências ao BBB.
Petit Abel afirma que usa suas charges como uma forma de unir "expressão e conscientização, porque, com a audiência que eu tenho, é muito importante que a mensagem seja passada para mais gente ainda". "Somos acostumados e criados vendo filmes e séries internacionais. É muita cultura norte-americana enfiada goela abaixo, eu não me identificava e ficava desconfortável com isso."
“Minhas peças de design sempre tem esse apelo de representatividade. E na ilustração não seria diferente. Eu me inspiro muito no que está ao meu redor”, completa. Abel diz que suas ilustrações buscam representar o cotidiano, sempre conforme o que seus seguidores gostam.
Petit Abel afirma que desenha desde criança e tem Mauricio de Sousa e Ziraldo como referência. Para ele, a identificação e representatividade são peças fundamentais em seu trabalho, como a de Sousa. "Num cenário que não tinha expectativa nenhuma, tinha um brasileiro super bem-sucedido no ramo dos quadrinhos."
Ele afirma que desenhar sempre foi uma paixão e um hobby, mas que conseguiu unir a ilustração com a formação em design gráfico pela Universidade Federal da Bahia. "Com 22 anos, após ter tentado uma faculdade de administração só para constar, eu entendi que precisava investir no que eu gostava de fazer. Foi aí que encontrei o design gráfico, porque era a forma de unir o útil ao agradável."
Além de ilustrar o reality, o designer afirma que participaria do programa se fosse convidado. "Não tenho nada a perder", diz Abel, aos risos. "Talvez fosse positivo para a minha carreira, porque é uma projeção imensa. Hoje em dia meu nível de maturidade já está ok para lidar com as frustrações."
Petit Abel diz que, de início, sua página no Instagram (@petitabel) era uma espécie de portefólio, mas agora "já é tarde demais para mudar o nome": "Já pegou". Atualmente, ele possui uma loja online em parceria com uma marca de camisetas nacional.
Para o futuro, o artista pretende lançar um jogo em formato mobile com suas ilustrações. "Vai ser um jogo sobre representatividade para o público infantojuvenil", diz Abel sobre o projeto pessoal que deve ficar pronto no final de 2022.
"Quero dedicar todo o dinheiro que eu arrecadar a algum projeto social, provavelmente relacionado a animais, para poder devolver ao universo tudo de bom que aconteceu no último ano", diz o artista, que ainda sonha um dia se dedicar integralmente às ilustrações.