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Primeira trans do Miss Brasil, Náthalie de Oliveira diz que estar no concurso é seu 'superpoder'

A modelo revelou que enfrentou amor e ódio nas redes sociais

Náthalie Oliveira, de 25 anos, vai representar o município de Bom Jardim no Miss Rio - Priscilla França/Divulgação
Fábio Luís de Paula
São Paulo

​A transexual carioca Náthalie de Oliveira, 24, está fazendo a história como a primeira candidata ao Miss Rio de Janeiro, uma das etapas que seleciona as candidatas ao Miss Brasil. Já representante do município de Bom Jardim, ela competirá na etapa estadual do concurso que acontece neste sábado (26), no hotel Hilton da Barra da Tijuca.

“Sempre tive em mente que gostaria de participar do Miss Brasil de forma histórica, heroica, como estamos acostumados a ver nos desenhos animados e em jogos de videogame. Ser a primeira trans a participar de um concurso no qual nunca antes houve essa inclusão, já pode ser considerado meu superpoder”, afirma Náthalie.

Em 65 anos de realização do concurso, ela é a primeira candidata trans da história do Miss Brasil, etapa nacional do Miss Universo. 

Com o anúncio, ela viu suas redes sociais ficarem repletas de mensagens de amor e de ódio. "Já esperava que algumas pessoas não concordassem com minha participação. Meu objetivo é fazer uma belíssima performance inclusiva e que possa servir de inspiração para tocar o coração e a mente destes também”, afirmou a candidata em entrevista ao F5.

Náthalie, no entanto, diz que também ficou surpresa com a quantidade de apoiadores. "Recebi muito carinho dos meus seguidores, inscritos, fãs, amigos e familiares”.

A iniciativa de incluir uma candidata trans já aconteceu em 2018 no Miss Mundo, com a indicação da espanhola Angela Ponce.

“Ela rompeu uma barreira e foi a protagonista do Miss Universo 2018, pois foi uma mulher trans que teve uma homenagem só dela na noite final, vista pelo mundo todo. Quem esperava? Ela construiu um portal e é por ele que quero passar”, afirma Náthalie.

A candidata a miss Brasil não viu a possibilidade de Angela ter sido coroada em seu primeiro desfile. “Ela foi divina, melhor não poderia, mas tendo experiência no mundo miss sei que não permitiriam já de imediato que uma mulher trans fosse coroada. Talvez futuramente", analisa.

APRENDIZADO NA TRAJETÓRIA DE MISS

O primeiro concurso de miss que Náthalie participou foi o Miss T Brasil, disputa só para mulheres trans, em 2013. Ela retornou à competição em 2014 e em 2015, quando finalmente venceu o título, que a levou a representar o país no Miss International Queen, em março de 2017. Nesse último concurso, ela ficou em segundo lugar.

Nascida na cidade carioca de Sumidouro, a miss morou a vida toda em Bom Jardim, município a cerca de três horas da capital fluminense, o qual vai representar no concurso. Registrada originalmente como Darli Olival de Oliveira, a miss concluiu a mudança de nome no fim do ano passado, mas conta que é chamada pelo apelido “Nat” desde que tem 15 anos. 

Ela fez sua cirurgia de redesignação na Tailândia, em 2016, com ajuda financeira de amigos. Estudante de Enfermagem, Nat trancou o curso para se dedicar aos concursos de beleza, e hoje atua como modelo e também como youtuber, em um canal que mantém há cerca de um ano.

“Hoje, sinto que posso falar por todas as pessoas que sempre assistiam pela TV o Miss Universo, que algo que parecia inatingível agora foi alcançado. Quero que minha história sirva de exemplo a todas as pessoas que nascem em realidades controversas e tem sonhos que parecem impossíveis de conquistar”, afirma ela.

A final do Miss Rio de Janeiro Be Emotion 2019, etapa nacional do Miss Universo, será transmitida ao vivo pelo canal oficial do Miss Rio de Janeiro Be Emotion no YouTube. A atual titular, Amanda Coelho, vai coroar a nova beldade.