Um museu feito para fotos está abrindo em Viena (Áustria), com espaço interativos — de paredes brilhantes e coloridas a objetos gigantes — para jovens criarem selfies.
"O número de jovens indo a museus caiu, então nós estamos tentando combater isso com as redes sociais", diz Petra Scharinger, criadora do Instagram "nofilter_museum" —museu_semfiltro, em tradução literal. "Eles preferem viver online do que interagir com o mundo real."
O espaço, porém, não se encaixa em nada na definição de museu — "instituição responsável por coletar conservar, estudar e expor objetos de valor artístico", segundo o dicionário Houaiss. O nofilter_museum se descreve como palco de "exibições interativas que convidam as pessoas a se divertir". A entrada custa 15 euros (R$ 67).
As 24 salas diferentes do local abrigam piscinas de bolinha, paredes floridas e confetes de glitter, projetados para selfies. Há até um quarto cheio de comidas falsas, como cupcakes e macarons.
O público prioritário são jovens, por serem os maiores usuários de redes sociais. No Reino Unido, 9 de cada 10 adolescentes usam redes sociais como Instagram, Facebook e Whatsapp.
No Brasil, cerca de 86% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos usavam a internet em 2018, uma porcentagem mais alta do que na população em geral (cerca de 70% dos brasileiros têm acesso), segundo a pesquisa TIC Kids Online Brasil.
O Nofilter_museum é um de uma série de estabelecimentos ao redor do mundo que têm como público alvo usuários assíduos de redes sociais e que criam espaços propícios para selfies.
Diversos influenciadores digitais famosos já expressaram o desejo de ir ao museu fazer fotos.
Mas a ideia de atraí-los é controversa, porque com frequência a relação próxima entre "influencers" populares e marcas é criticada — grande parte da publicidade nas redes sociais é sutil ou até mesmo subliminar.
O chamado Museu do Sorvete, nos EUA, faz sucesso no Instagram por causa de "influencers" visitantes e tem mais de 390 mil seguidores em sua conta. A empresa dona do local foi avaliada em US$ 200 milhões, de acordo com o jornal americano Wall Street Journal, pela expectativa de investidores de que a marca possa "ser expandida para marcas de roupa, produtos e um novo tema para além de sorvetes". Os donos do local se referem a ele como um "experium" — abreviação, em inglês, de "museus de experiência".
Com base nos números de outros museus voltados para o público de redes sociais, Scharinger espera que o público do Nofilter_museum fique entre 300 e 500 pessoas por dia.
"Eu acho que é o futuro dos museus", opina ela. "Não se trata apenas de selfies, mas também de se divertir, ser capaz de interagir enquanto experimenta a arte."
"Eu acho que as pessoas passam muito tempo nos seus celulares e é por isso que tentamos combinar isso com algo real e com algo divertido. Mas eu não acho que é nossa responsabilidade educá-las", diz elas.
O museu é temporário, no entanto: funcionará por seis meses em Viena. Scharinger e o cocriador Nils Peper esperam depois levá-los a outras cidades e países.