X de Sexo Por Bruna Maia
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'Aos 49 anos, me redescobri sexualmente e estou na melhor fase'

Sexo menos falocêntrico, estrogênio intravaginal e não ter medo de engravidar alegram leitora

Anne Bancroft e Dustin Hoffman em cena do filme 'A Primeira Noite de Um Homem' - Divulgação

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Conheço várias mulheres na faixa dos 50 anos que estão ativas, felizes, estilosas e transantes. E sites de entretenimento fazem questão de lembrar isso o tempo todo: "Cinquentona, fulana exibe corpo malhado e um sorriso no rosto na Barra".

Sempre me impressiona a ênfase na idade, como se uma mulher de cinquenta malhada e sorrindo fosse um animal raro. Já homens na mesma faixa etária não são adjetivados assim. O mito é de que homens envelhecem e ficam charmosos, sedutores, experientes e podem recorrer ao Viagra, enquanto mulheres ficam velhas, invisíveis, sem lubrificação ou vontade de transar.

A perspectiva me assusta. Aos 37 anos, volta e meia me pego pensando que eu deveria pegar o celular e arranjar um date IMEDIATAMENTE porque é bom que eu use os anos de tesão que ainda me restam antes do climatério. Por isso que relatos de mulheres que já passaram por essa fase têm me tranquilizado: não, ao contrário do que tentam nos fazer acreditar, não deixamos de ser desejáveis e desejantes tão logo paramos de menstruar.

A leitora Clarissa, hoje aos 50, me conta que está em sua melhor fase sexual, depois de ter passado por um período de baixíssima libido. Ela foi casada dos 40 aos 47 anos, e, logo depois de três anos de casamento, viu sua vida sexual ir por água abaixo, com pouco interesse das duas partes. Quando se separou ela estava no período de pré-menopausa e vivia há um ano sem sexo e sem masturbação, ficou mais dois anos assim.

Até que, aos 49 anos, conheceu seu atual namorado, oito anos mais jovem, e se redescobriu sexualmente. Uma diferença muito importante é que o moço não é falocêntrico. Ele não acha que sexo gira em torno do pau dele, então se dedica a outras carícias em vez de ir direto para a penetração.

Para mulheres em qualquer fase da vida, isso é importante para o prazer. Na menopausa, em que a produção lubrificação vaginal diminui, isso passa a ser essencial. Clarissa diz que no começo, por esse motivo, foi um pouco difícil. "A excitação é a mesma, mas a lubrificação não acompanha."

Ela conta que, depois de começar a usar estrogênio intravaginal duas vezes por semana e lubrificantes, essa questão melhorou bastante. Clarissa disse que foi apresentada ao hormônio de uso local pela ginecologista após reclamar de infecções urinárias frequentes e, após começar a usá-lo, sentiu melhora na vida sexual.

O que me leva a alguns questionamentos. Por que temos tão poucas informações sobre essas possibilidades que melhoram nossa vida sexual? Por que ela só foi informada sobre algo que melhorou o sexo quando reclamou de dor para urinar? Há anos Viagra e Cialis estão aí nas paradas de sucesso e são de amplo conhecimento entre os homens.

Outra coisa que deu um estímulo à excitação e vontade de transar de Clarissa foi o sumiço do tanto do medo quanto da vontade de engravidar. Durante seu ciclo reprodutivo ela sempre usou contraceptivos, mas tinha sempre aquela tensão de que algo pudesse dar errado.

Ela adiou a gestação até os 40 anos para se dedicar a outras coisas. Quando precisou fazer tratamentos de fertilidade. "Os tratamentos acabaram com a minha libido e o sexo virou obrigação", diz. Depois de optar pela adoção e finalmente se sentir livre para curtir a vida sexual sem essas imposições, Clarissa está mais relaxada.

E retornamos a mais um questionamento: será que é comum que homens encanem tanto com o medo de uma gestação a ponto de isso prejudicar a fruição da vida sexual deles? Lembrando aqui: a grande maioria das gestações envolve a participação de um homem cisgênero.

É justo que nós passemos um período tão grande das nossas vidas nos estressando tanto sozinhas com um tema que deveria ser de todos?