Tentativa de destruição da reputação de Drauzio Varella é asquerosa
No domingo retrasado (1º), uma reportagem exibida pelo Fantástico (Globo) comoveu o Brasil. O doutor Drauzio Varella, que também é colunista da Folha, mostrou como vivem as mulheres trans nos presídios brasileiros. Muitas delas estão em alas masculinas, o que não é apropriado (apesar de algumas até preferirem, pois ali arranjam namorado). E todas sofrem com o descaso da sociedade aqui fora.
Um caso específico mostrado na reportagem causou comoção: o de Suzy Oliveira Santos, que contou ao médico que não recebe visitas há oito anos. Uma corrente de solidariedade emergiu de forma espontânea nas redes sociais. O governo de São Paulo aproveitou para divulgar o endereço do presídio no bairro de Pinheiros, na capital paulistana, onde Suzy está. Ao longo da semana, ela recebeu mais de 200 cartas, além de presentes e até dinheiro.
Em paralelo, muitos internautas lançaram a candidatura de Drauzio Varella à presidência da República, algo que ele jamais cogitou. Mas parecia surgir ao seu redor uma unanimidade raríssima nos dias de hoje. Com sua atitude humanitária, Drauzio uniu o país.
Foi só por alguns dias. No final da semana passada, já pipocavam nas redes críticas ao médico, que estaria “passando pano” para criminosos. No sábado (7), explodiu na internet a notícia de que Suzy cometera um crime hediondo. Ela teria estuprado e matado um garoto de nove anos, e depois ocultado o cadáver. Cumpre pena de 36 anos e seis meses.
Confesso que me surpreendi com a ingenuidade de alguns internautas. Ninguém fica preso em regime fechado no Brasil por tanto tempo sem ter cometido algo menos do que assassinato. Estava óbvio que o crime de Suzy era grave.
A Globo errou ao não informar o espectador sobre esse delito? O doutor Drauzio errou? Eu acho que não. A matéria não era sobre a criminalidade das transexuais. Além disso, o médico não pediu que ninguém escrevesse cartas a Suzy. Não questionou sua pena, nem pediu que ela fosse solta. A onda de apoio surgiu espontaneamente, assim como a vaquinha virtual em favor da detenta. De resto, duvido que alguém que contribuiu agora esteja arrependido.
Mas não importa. Já começou uma horrenda campanha de destruição da reputação do médico. Seus detratores são incapazes de entender que ele realiza um trabalho seríssimo nos presídios há muitas décadas. Drauzio jamais pergunta o crime cometido pelos presos que atende, justamente para que esta informação não interfira no atendimento. Tem coisa mais cristã do que isto? O que será que Jesus Cristo faria nesse caso?
Jesus exortava seus seguidores a visitar os prisioneiros. Jamais defenderia qualquer tipo de tortura. Afinal, ele próprio foi barbaramente torturado, e depois crucificado.
O pessoal que ataca Drauzio Varella se diz cristão, mas não faz ideia do que diz a Bíblia. Não passaram da página cinco. São fariseus, que devem ser denunciados toda vez que se portarem feito donos do Cristianismo.
Jesus não fazia arminha com a mão. Jesus amava e perdoava. Ponto final.