Rosana Hermann

BBB 22 - Perdoe o meu francês, mas afff, como tem chato nessa edição!

Entre chatices e tendências de moda, reality também pode ensinar

Biquini de croche usado por Jade Picon no BBB 22 é vendido no comercio de rua em São Paulo - Globo/Divulgação

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- "Ain, mas eles só estão lá alguns dias e vocês já estão reclamando?", disse uma ingênua tuiteira na rede social.
- "Sim, amor, a gente veio aqui pra isso, começamos bem antes da estreia, continuaremos depois que terminar".

Que gente chata. Do lado de fora tem toda a turma que vai emudecer todos os termos ligados ao BBB do meu feed (boa sorte), tem os intelectualerdos que criticam esse tipo de "entretenimento medíocre", e tem os chatos solitários que não entendem nada, mas estão tentando aderir fazendo perguntas para participar do momento. (Gente que pergunta na timeline ‘quem é Jade?’ tendo um Google inteiro para pesquisar).

E tem os chatos dentro da casa. O maior deles foi limado na terça-feira (25), Luciano.

Luciano é o cara que desperta em mim o sentimento de PAIVA, um portmanteau das palavras PENA e RAIVA. Pena porque ele tem uma história linda de superação em busca de seu sonho pela fama e raiva porque, caceta, ele entrou no Big Brother Brasil 22, a casa mais vigiada do Brasil e sabidamente um trampolim para a fama instantânea e, em vez de mergulhar na piscina da simpatia, se jogou no precipício da chatice.

Luciano foi tão inútil na casa, que não serviu nem para chutar CHATO nas cinco letras do joguinho Termo. Mas, foi-se. Um chato a menos.

Naiara também me dá paiva. Chata que quer alugar quartinho na cabeça de todo mundo. Chata carente que ameaça desistir para ouvir ‘fica’. Chata sem assunto. Dá raiva. Mas deu pena. Vi as cenas dela vestida de orelhão de espuma, em pé, abandonada e falando sozinha, totalmente patética. Em seguida vi um vídeo de um show dela, roupa dourada, dominando o palco, sensualizando com o microfone, gloriosa.

E veio a pergunta: o que mesmo ela foi fazer no BBB 22? E voltou a raiva.

- "Ain, mas a chata é você, que não gosta de ninguém!", diz a chata dali de cima

Gosto sim. Estou gostando do figurino da Jade, a Midas Fashion. Tudo que ela toca vir moda. Nem falo da bota de neon, que é cara, mas do biquíni de crochê que estava na onda e ela popularizou. Imagina o tanto de mãe, tia, avó que foi contratada para copiar o modelo de crochê?

Confesso que até eu já estava quase comprando linha lilás para fazer o top, mas fiquei na dúvida se devia comprar Clea ou Anne. Todo mundo quer o biquíni da Jade. Gleici Damasceno já tem o biquíni da Jade. De Norte a Sul do Brasil, todos os camelôs já vendem o biquíni da Jade. Como diz o Paulo Vieira, a Jade já gerou mais emprego no Brasil do que o Paulo Guedes.

Brunna não é chata, é safa. Bárbara é da zuêra. Já o trio RoLuEzer não é nem chato, é só tonto mesmo. Melhorem, meninos.

Mas os momentos mais interessantes para mim não foram os relacionados a chatice nem moda, mas literatura. O resumo de Pedro Scooby do livro "Sapiens - Uma Breve História da Humanidade", de Yuval Noah Harari, foi um dos pontos altos dessa semana. Ele leu tudo, entendeu nada, mas surfou a onda gigante do conhecimento com sua pranchinha de simpatia.

Minha dúvida foi se ele leu o livro com texto ou a versão em quadrinhos (que é ótima, gente, sem sacanagem; tá, só um pouquinho de sacanagem). Já Lina é tão culta que, ao recomendar a leitura de Aimé Césaire, me fez ir pesquisar no Google.

Foi assim que descobri que o poeta e político Aimé Césaire, nascido na Martinica, foi o ideólogo que cunhou o termo "negritude" e que, como diz a Wikipedia (sou dessas), "sua obra é marcada pela defesa de suas raízes africanas".

Deu vontade de ler. BBB é bacana. BBB ensina, mas só para quem quer aprender. Quem é chato não aprende nada, só quer viver no seu mundo de terra plana chateando os que tentam sobreviver.