Em 2001, Rodrigo Dourado era então um jovem com experiência como editor em produtoras independentes. A rota da sua vida muda quando ele encontra Eugênia Moreyra, executiva do jornalismo da Globo até 2017 e então no Fantástico.

Eugênia avisa que a Globo vai estrear uma atração que mistura jornalismo com entretenimento. Interessado, Dourado pergunta mais detalhes e recebe a notícia que se tratava de um reality show: o Big Brother, então sucesso na Europa.

Aqui, vira o BBB ou Big Brother Brasil. Dourado começa como um membro da equipe de edição do programa, mas se destaca pelas boas ideias em relação a como apresentar o reality ao público brasileiro.

"Eu percebi que a gente estava diante de algo muito diferente, com um poder de impacto de massa e capacidade de criação únicas", diz ele em conversa com a coluna. Suas boas ideias são valorizadas e ele cresce na emissora.

"Passei por algumas produções e outros realities e no BBB passei por alguns cargos, até chegar à direção. Em 2015, Boninho, que se tornou um grande parceiro profissional me convidou para ser diretor geral", relembra o executivo.

Dourado era, de fato, um cara a quem se confiar. Tem uma rotina de trabalho forte, mas é conhecido nos bastidores por ser uma pessoa organizada e discreta. É pulso firme, mas costuma abraçar ideias da equipe.

Em 2025, Rodrigo Dourado estreia em uma nova função. Virou o diretor de núcleo de realities, substituindo aquele que foi seu maior parceiro profissional na empresa: Boninho. Na parte profissional, já há uma transformação.

"Como gestor de um portfólio de realities, a operação fica mais com minha equipe e os líderes de cada projeto, assumindo novas funções estratégicas, institucionais e de mercado. Como o fomento de novos formatos originais, por exemplo e a criação de um hub de personagens específicos para cada reality", diz.

Discreto até na vida

Mas se engana quem pensa que isso mudou sua vida pessoal. Dourado é um homem discreto. Não tem redes sociais públicas e fala no WhatsApp somente com quem convive de fato. Mesmo com o cargo mais alto, não pensou em criar uma conta profissional para receber reclamações ou sugestões do público.

"Não sei se é preferência, apenas quem eu sou. Gosto do meu mundo, estar com a minha esposa, meus filhos e meus cachorros no meu rancho. Acho a internet uma ferramenta fantástica, com infinitas possibilidades. Mas ainda assim, prefiro as experiências reais. Acho que não à toa, sou um apaixonado por realities (risos)", comenta.

"Mas sim, sou um cara discreto. Sempre prefiro os bastidores. Meu barato é a criação, o switcher. Mas quando deixei as ilhas de edição para dirigir e liderar os programas aprendi muito mais sobre as pessoas e as relações. E sigo aprendendo e me desenvolvendo a cada dia nesse sentido. O holofote, subir num palco ou até mesmo falar em público faz parte", conclui o diretor.

Na nova edição, o BBB 25 será foi feita em duplas propositadamente. A ideia veio da insistência de participantes em dizer que tinham amigos ou familiares que eram fãs do reality show.

"Muitas dessas conversas traziam essa vontade de compartilhar esse sonho e viver essa experiência não só do lado de fora, mas lá dentro da competição. Decidimos então abrir as inscrições para as pipocas em duplas de relações importantes e resolvemos também acrescentar esse formato aos camarotes. São 150 mil inscrições por ano para os nossos realities", revela.

Como alguém que está desde o primeiro ano de programa no ar, Rodrigo Dourado tem certeza que a graça do BBB só segue por que a atração soube perceber que o mundo estava mudando o tempo todo. Assim como na casa e assim como ele mesmo.

"Talvez o grande pulo foi quando percebemos que isso poderia ser uma grande vantagem. A necessidade de mudar todo ano, de trazer coisas novas, deixou de ser desafio e virou nosso DNA. O Big Brother Brasil sempre vai evoluir. É da natureza e nossa intenção", finaliza o executivo.