Zapping - Cristina Padiglione

'Elza e Mané' traz entrevistas inéditas com a cantora

Documentário feito em 2021 chega ao GloboPlay um mês e meio após a morte da diva

O jogador de futebol Mané Garrincha e a cantora Elza Soares posam para foto com faixa de campeão da Copa de 1958 e a taça Jules Rimet - Foto: Acervo UH/Folhapress

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Antes que digam que o documentário "Elza & Mané", que estreia no GloboPlay nesta sexta-feira (4) é obra de algum oportunismo pela morte de Elza Soares, em 20 de janeiro deste ano, convém avisar que a produção foi realizada no segundo semestre de 2021 e traz três entrevistas inéditas com a diva e imagens de bastidores de seu último show, em Belém, um mês antes de morrer.

Há ainda depoimentos exclusivos de Chico Buarque, Caetano Veloso e Sandra de Sá, entre outros relatos feitos sob encomenda pela produção, que tem direção de Caroline Zilberman.

Em quatro episódios, "Elza & Mané – Amor Em Linhas Tortas" se dispõe a cotar a história que une Elza Soares e o jogador Garrincha, iniciado em 1962, há exatas seis décadas. Uma relação de dois ídolos nacionais que foi recriminada pela sociedade na época.

A nova obra audiovisual pretende dissolver --ou ao menos contribuir para isso-- a alcunha de vilã atribuída a Elza por ela ter se envolvido com um homem casado. Mais: pretende anular qualquer ideia de que ela tenha sido responsável pelo declínio da carreira do craque, imagem criada pelo conservadorismo da época.

Segundo os realizadores do filme, produzido pelo Esporte da Globo, a proposta é reparar essa sentença e mostrar que paralelamente ao brilho de Garrincha caminhava uma das carreiras mais imponentes da música popular brasileira. "Elza Soares está no mesmo patamar de poucos artistas e até de personalidades brasileiras, como Pelé, Ayrton Senna e João Gilberto", ressalta o cantor Lobão.

O cantor e compositor carioca é um dos artistas entrevistados pela equipe do documentário por causa do episódio mais difícil da vida da "Mulher do Fim do Mundo". Em 1986, em meio à gravação da música "A Voz da Razão", que marca uma participação especial dela no álbum "O Rock Errou", Elza recebeu a notícia da morte de seu filho com Garrincha –o craque morrera três anos antes–, vítima de um acidente de carro quando voltava de Pau Grande, para conhecer a família do pai.

Assim que soube, Lobão entrou em contato com a intérprete para liberá-la de qualquer tipo de compromisso. Mas a postura de Elza o surpreendeu: "Se me tirar isso será um castigo para mim. Entenda que cantar é uma forma de me curar. Não faça isso", pediu ela, segundo o relato de Lobão. "Elza transformou aquela dor em uma coisa artisticamente muito bela. Eu não sabia como acompanhar aquele sentimento", recorda o músico.

Elza Soares e Garrincha morreram no mesmo dia, 20 de janeiro, separados por 39 anos.