'É Assim que Acaba': Adaptação do best-seller de Colleen Hoover é fiel, mas cautelosa ao retratar violência doméstica
Filme inspirado na obra vice-campeã de vendas no Brasil chega aos cinemas em 8 de agosto
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Sabe aquela sensação gostosa de quando um de seus livros preferidos vira filme? De ver nas telonas todos os personagens sendo materializados em atores bem escolhidos e de ouvir canções que casam perfeitamente com as cenas mais marcantes? Muitos leitores de "É Assim que Acaba" poderão sentir-se desta maneira na próxima quinta (8), quando a adaptação do best-seller de Collen Hoover chega aos cinemas.
"É Assim Que Acaba" tornou-se tão popular no Brasil que alcançou a liderança da lista de mais vendidos no país por dois anos consecutivos (2022 e 2023). Muito deste sucesso veio devido ao TikTok, onde usuários do BookTok (a sessão literária da rede social) tornaram a autora queridinha e fizeram com que a sua primeira adaptação fosse uma das estreias mais aguardadas do ano.
Para quem não leu, o longa conta a história de Lily Bloom (Blake Lively), mulher que supera uma infância traumática para começar uma nova vida em Boston e ir atrás do sonho de abrir sua própria floricultura. Um encontro casual com o neurocirurgião Ryle (Justin Baldoni) desencadeia uma conexão intensa, mas à medida que os dois se apaixonam, ela começa a ver traços da personalidade dele que trazem gatilhos do relacionamento violento de seus pais. Quando seu primeiro amor, Atlas (Brandon Sklenar), reaparece, seu relacionamento é abalado, mas sua vida também é salva.
O F5 assistiu ao filme antes da estreia e te conta o que esperar da adaptação. Atenção: a partir daqui, o texto contém spoilers.
ROTEIRO FIEL
Por mais tenha escrito um livro de ficção, Colleen Hoover tem uma conexão especial com a história: ela foi inspirada em sua mãe, que abandonou um casamento abusivo quando a filha ainda era criança. Portanto, era importante que o roteiro fosse fiel à obra, à qual a autora é extremamente apegada.
A vontade dela foi cumprida: todos os detalhes importantes estão presentes. Desde o nome super clichê da protagonista, Lily Blossom Bloom (em português, algo como "Lírio Florescer"), seus cabelos ruivos, sua floricultura moderna, até os diálogos marcantes com Ryle, Atlas e Alyssa, (Jenny Slate), a melhor amiga.
Em entrevista exclusiva ao F5, a autora diz que, de início, Justin Baldoni (além de protagonista, é o diretor) a queria desenvolvendo o roteiro: "Eu tentei, talvez escrevi uma página, mas logo pensei: ‘Não, estou muito apegada a essa história’". "Eu escrevo livros, não sei muito sobre os detalhes de Hollywood", admitiu ela.
Mesmo assim, Colleen garantiu que sua opinião foi levada em conta e que participou do processo de criação: "Aprecio muito que ele [Baldoni] quis a minha opinião e me manteve envolvida durante todo o processo". E, de fato, é possível ver seus toques na adaptação, com exceção de alguns pequenos detalhes. A história de Lily e Atlas, por exemplo, é encurtada, e algumas cenas são deixadas de fora.
ELENCO
A equipe acerta na escolha do elenco, apesar das críticas pela diferença de idade dos protagonistas —Lively tem 36 anos e é 13 anos mais velha que a protagonista, Lily, enquanto Baldoni, 40, é 10 anos mais velho que seu personagem, Ryle. Feitas as adaptações aos atores, os dois funcionam bem nos papéis.
Colleen admitiu que teve dificuldade em acreditar que Blake tinha realmente assinado para estrelar e co-produzir o filme: "Eu estava me mantendo distante dessa possibilidade porque a amo muito. Acho que não acreditei de verdade até o filme estar finalizado e eu ter finalmente assistido".
A escolha de Baldoni como Ryle também parece ter sido certeira: o galã de "Jane the Virgin", atlético e sedutor, funciona bem para a imagem superficial de "homem perfeito" e "disposto a ter um relacionamento sério" que precisa dar aos espectadores, de início. As cenas sensuais do casal cumprem o papel de exalar tensão sexual e enganar aqueles que pensam igual à protagonista: ele nunca seria capaz de machucá-la.
Por outro lado, quando o encanto se quebra e chegamos às cenas em que Ryle mostra seu lado violento, o filme suaviza e deixa mais rápidos os momentos de tensão. No livro, o personagem parece mais egoísta e impaciente, se preocupa mais consigo mesmo do que com a namorada. E ela, por sua vez, se comporta de forma menos passiva e deixa seus medos mais aparentes.
Por fim, a decisão de Lily de deixar o homem que ama é reentrada de forma tão difícil, porém bonita, como no livro. Com sua filha nos braços, a florista diz ao marido que quer o divórcio e garante à bebê que nunca mais vai aceitar ser tratada daquela forma. "É assim que acaba."