Kristen Wiig vira penetra em clube de ricaços em série: 'É sedutor visitar um mundo que não é seu'
Com Ricky Martin, Laura Dern e Allison Janney, 'Palm Royale' estreia no dia 20 na Apple TV+
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Clássico atemporal (e kitsch), a novela mexicana "Os Ricos Também Choram" fez tanto sucesso no final da década de 1970 que é reprisada ad aeternum na programação vespertina de inúmeros canais ao redor do mundo. No Brasil, ganhou até uma versão produzida pelo SBT entre 2005 e 2006.
Ricky Martin, 52, lembrou do folhetim ao tentar explicar o apelo de sua nova série, "Palm Royale", que estreia na quarta-feira (20) no Apple TV+. "Acho que as pessoas gostam de ver os mais abastados chorando, lidando com problemas, tendo suas questões", avalia. "Existe um fascínio sobre essa questão."
De fato, o universo da série não pode ser frequentado por qualquer um na vida real. O principal cenário é o clube exclusivíssimo que reúne a nata da sociedade da Palm Beach de 1969. Para se associar, é preciso desembolsar US$ 30 mil (R$ 150 mil no câmbio atual) e ainda contar com a indicação —e passar pelo crivo social e moral— de quem já é sócio.
Pois é lá que Maxine Simmons, recém-chegada à cidade, encasqueta de entrar. A primeira vez que vemos a personagem, interpretada por Kristen Wiig, 50, é pulando o muro do local e tentando se misturar com as habituées. Lógico que as ricaças estranham aquela presença inédita, mas Maxine, que é um tanto trambiqueira e vai se enrolando cada vez mais nas mentiras que conta aqui e ali, sempre dobra a aposta.
"As personagens [da série] são tão extraordinárias que você não consegue simplesmente sentar e assistir sem se abalar", diz a atriz. "Você enxerga como essas pessoas vivem, como acordam, como almoçam, o que importa para elas, como se vestem para as festas... É intrigante porque parece que vivem numa bolha e não prestam atenção em nada mais do que está acontecendo. Tem algo de muito sedutor em visitar um mundo que não é o seu."
Ela afirma que um dos pontos fortes da série é a mistura de "assuntos profundos" com "um jeito engraçado" de contá-los. "Estamos em 1969 e não dá para desenvolver a história sem tocar em alguns acontecimentos políticos que estão ocorrendo, nos direitos das mulheres, na guerra [do Vietnã]", enumera. "É uma história completa, que foi criada em um mundo muito interessante para nossos personagens habitarem."
O criador Abe Sylvia, que se inspirou livremente no livro "Mr. and Mrs. American Pie" (2018), da escritora americana Juliet McDaniel, avalia que a série trata de identidade e pertencimento. "Todos nós tentamos entender quem somos neste mundo em constante mudança; esse é um desafio universal que cada um de nós enfrenta a cada dia", afirma.
"Nesse sentido, acho que é Maxine gera muita identificação; ela só está tentando entender seu lugar nesse universo absurdo e superficial", explica. "Do que ela precisa abrir mão para alcançar algo que talvez seja só uma ilusão?"
Kristen Wiig foi a primeira opção para interpretar a personagem, segundo a produtora executiva Katie O’Connell Marsh. Para ela, a atriz demonstra a vulnerabilidade necessária para que o público consiga torcer por uma alpinista social. "Maxine é incrivelmente otimista, acredita no amor e sempre tenta dar um jeito nas coisas, a personagem tem um tom tão positivo que é meio infeccioso, e Kristen adicionou muitas camadas", elogia.
Além dela e de Ricky Martin, que vive o garçom Robert Diaz, o elenco tem nomes como Carol Burnett, Allison Janney, Bruce Dern, Josh Lucas, Amber Chardae Robinson, Leslie Bibb e Kaia Gerber. Laura Dern, vencedora do Oscar, dá vida à hippie simpaticona Linda, que tenta incutir algumas noções de feminismo na amiga Maxine —quase uma causa perdida.
Dern, aliás, também é produtora executiva da série (assim como Wiig) e, segundo Abe Sylvia, ajudou a conseguir os nomes de quem eles queriam em cada papel. "Quando contamos quem era a nossa Maxine dos sonhos, ela disse que sempre quis trabalhar com Kristen, passou a mão no telefone e fez acontecer", conta.