Em SP, Jodie Foster fala sobre voltar a fazer papel de detetive após 'O Silêncio dos Inocentes'
Atriz aproveitou vinda ao Brasil para a CCXP para divulgar nova temporada de 'True Detective'
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Jodie Foster, 61, entra na sala de conferências abarrotada de jornalistas do hotel JW Marriott, na zona sul de São Paulo, com a tranquilidade de quem vai pegar uma água na cozinha. De blusa estampada, calça preta, joias e maquiagem discretas e chinelos gastos, ela impõe respeito pelo seu currículo, não pelo aparato que costuma preceder uma grande estrela de Hollywood (ou uma subcelebridade nacional qualquer em um evento chinfrim, mas que se dá muita importância).
A atriz americana estava com a colega Kali Reis e com a diretora Issa López para um bate-papo mediado pela HBO Max com jornalistas. O trio aproveitou a vinda para o painel de que participarão no sábado (2) na CCXP 2023 para falar com a imprensa sobre a nova temporada da série antológica "True Detective".
A quarta leva de episódios se passa no Alasca, onde oito homens que trabalham em uma estação de pesquisa desaparecem misteriosamente. A detetive Liz Devenrs, vivida por Foster, é destacada para investigar o caso junto com a policial Evangeline Navarro, interpretada por Reis.
"Amo essa personagem porque ela é honesta, mas isso também significa que ela é uma babaca em muitas ocasiões", explicou Foster. O encanto pelo papel foi tanto que, apesar dos mais de 80 trabalhos ao longo da carreira, ela citou López como "a diretora preferida com quem já trabalhei" e as gravações da série como "uma das experiências mais ricas da minha vida".
"Não me empolgava tanto com um trabalho desde 'O Silêncio dos Inocentes'", afirmou a atriz, lembrando o filme de 1991 que lhe rendeu um de seus dois Oscars, pela interpretação da detetive Clarice Starling, e que apresentou ao mundo o psicopata Hannibal Lecter. Essa, aliás, é uma das inspirações da diretora da nova temporada, que comemorou ter conseguido convencer Foster a voltar ao papel de uma investigadora.
A experiência anterior acabou ajudando a atriz. "Quando fiz 'O Silêncio dos Inocentes', aprendi que as tramas são apenas desculpas para que os personagens se revelem", avaliou. "Clarice não pensava em Hannibal como um monstro, ela o respeitava e não o colocava em uma caixa. Acho que isso é um ponto importante para todo bom detetive."
Como costuma acontecer nesse tipo de trama, as parceiras que precisam investigar o crime não se dão bem de cara, mas se complementam profissionalmente. "Nós nos odiamos no começo, mas nos respeitamos", explicou Foster. "Ambas foram muito feridas, então isso estabelece uma ligação entre elas."
Reis diz que a relação das duas personagens "talvez não funcionasse para uma amizade", mas que os objetivos em comum as fazem continuar tentando. "Acho que elas se odeiam porque se veem muito uma na outra", avalia.
A descendente de povos originários americanos, que é boxeadora profissional e está apenas em seu terceiro trabalho como atriz, diz que o mais complicado foi lidar com as temperaturas que elas enfrentaram durante as gravações. Apesar de se passar no Alasca, parte das filmagens ocorreram na Europa, onde foram reproduzidos alguns cenários. Então, em alguns momentos, a direção lhe pedia que ela simulasse que estava em um ambiente gélido. "Quando não estava tão frio é que foi o desafio", disse, aos risos.
Já a diretora, que é mexicana, brincou com o fato de ter escolhido esse pano de fundo para a temporada. "Eu odeio o frio", afirmou. "Não sei por que resolvi que a ação se passaria ali. Não sei o que me deu, acho que preciso de terapia (risos)."
Foster, por sua vez, disse que teve sorte por ter menos cenas externas e estar sempre com figurinos quentinhos. Além disso, ela atribuiu a forças superiores o fato de a produção não ter precisado lidar com nenhum problema relacionado ao clima durante as gravações.
"Os deuses estavam com a gente, de uma forma estranha", contou, lembrando que elenco e produção se reuniram para prestar respeito aos ancestrais da região. "Fizemos uma cerimônia em que plantamos uma árvore, tomamos chocolate quente e cada um fez a oração que sabia —alguns até inventaram as suas próprias... Acho que foi isso que nos protegeu, porque muitas coisas poderiam ter dado errado e não deram."