Bryan Cranston vai ao fundo do poço para a 2ª temporada de 'Your Honor': 'Intimidador'
Ator estudou luto e depressão (e assistiu a vídeos nada agradáveis) durante preparação
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"Foi intimidador", confessa Bryan Cranston, 66, sobre a cena que abre a segunda temporada de "Your Honor", que estreia na sexta-feira (3) no serviço de streaming Paramount+. Na sequência, seu personagem, Michael Desiato, está na cadeia e é forçado a se alimentar por meio de uma sonda nasal, já que está em greve de fome.
"Assisti a muitos vídeos de pessoas sendo alimentadas assim e fiquei observando as ânsias de vômito e os reflexos enquanto eles têm um tubo enfiado garganta abaixo", conta em bate-papo com jornalistas, do qual o F5 participou. "É difícil de ver, mas muitas vezes necessário por razões médicas ou legais, como é o caso dele. Foi difícil, mas procurei me ater às imagens e sons indeléveis que eles faziam e ao nível de desconforto, que tentei reproduzir. Como ator, o seu trabalho é observar o comportamento humano e replicá-lo."
Na trama, o ex-juiz foi preso após descobrirem o envolvimento dele na tentativa de livrar o filho Adam (Hunter Doohan) de punição, após o rapaz ter atropelado e matado um jovem —que, para aumentar a complicação, era filho de um chefão da máfia. Só que, no final da primeira temporada, Adam é acidentalmente atingido por um tiro e, como descobrimos logo no começo dos novos episódios, morre.
O ator conta que, inicialmente, não tinha contrato para continuar filmando a série, mas que foi convencido a voltar ao papel pelo roteiro. "Me senti compelido a fazer [a segunda temporada] pela possibilidade de contar o que aconteceu depois de tudo pelo qual esses personagens haviam passado", diz. "E também queria ver quão autênticos conseguiríamos ser ao contar essa história sobre desespero, luto e depressão."
No começo da temporada, Michael Desiato está no fundo do poço, mas aos poucos ele vai encontrando forças para se reerguer. "Foi uma jornada incrível para explorar como ator, passear por toda essa variedade de emoções", celebra. "Eu senti o desespero e a solidão desse personagem, e foi ótimo poder usar todos os instrumentos que há na caixa de ferramentas de um ator."
Cranston diz também esperar que a série seja percebida pela importância social dos temas que vai tratar. "Pessoas com depressão ou pensamentos suicidas podem olhar para essa obra de entretenimento e pensar: 'Eu sei exatamente o que ele está sentindo'. É possível que queiram acompanhar a jornada dele, para ver como ele lida com isso e, talvez, isso ajude alguém. Se for o caso, ficarei muito feliz."
Assim como na primeira temporada o ator se dedicou a aprender sobre o sistema legal americano, para dar vida a alguém que trabalha com isso, desta vez ele se debruçou em material sobre os estágios do luto. "É preciso aceitar a bagunça emocional que isso causa, você não vai terminar um estágio e entrar no outro, é como se você estivesse o tempo todo tentando sair da lama", compara. "Foi bastante provocativo passar por tudo isso."
Com uma carreira de mais de 40 anos, Cranston ficou mais conhecido do grande público pelo papel de Walter White na aclamada "Breaking Bad" (2008-2013), pela qual recebeu 4 prêmios Emmy de melhor ator. Agora com mais esse na conta, ele admite que tem uma queda por personagens intrincados.
"A maioria dos personagens que eu faço carregam com eles uma complexidade profunda e tem uma bagagem grande de idiossincrasias", avalia. "Simplesmente, acho que sou atraído por homens muito complicados e problemáticos. Acho que o motivo é porque me vejo neles, me vejo falho e também encontro esperança neles. E acho que o público também se reconhece —e agradece por isso."