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Celebridades

Preso na ditadura, dublador do Manda-Chuva: 25 curiosidades sobre Lima Duarte, que faz 95 anos

Ele não nasceu nem Lima nem Duarte, mas criou personagens que marcaram a teledramaturgia

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Anahi Martinho

São Paulo

Em 29 de março de 1930, nasceu em Sacramento (Minas Gerais), Ariclenes Venâncio Martins, que ficaria conhecido no Brasil inteiro como Lima Duarte. Ele começou na rádio, pois se achava feio. Também dublou desenhos animados, carregou equipamentos e fez de tudo um pouco.

Mas foi na frente das câmeras de TV que Lima recebeu mais reconhecimento. A cada personagem, fazia questão de imprimir personalidade e trejeitos únicos, concebendo uma estética até hoje fundamental na interpretação brasileira. Confira na galeria abaixo 25 curiosidades sobre o ator.

Lima Duarte começou a carreira no rádio, primeiro como faz-tudo, depois como sonoplasta e mais tarde como ator de radionovelas. @limaduarte no Instagram/

O rádio era sua estratégia para parecer bonito. 'As mulheres iriam ouvir minha voz e imaginar um rapaz alto, louro, lindo', brincou no 'Tributo' (Globo). /

A estratégia não durou muito tempo, já que, em 18 de setembro de 1950, Lima participou da inauguração da primeira emissora de televisão do Brasil, a TV Tupi. @limaduarte no Instagram/

Foi dele o primeiro vilão da teledramaturgia brasileira em 'Sua Vida Me Pertence' (1961), telenovela que inaugurou o gênero no país. @limaduarte no Instagram/

Antes da estreia como ator, ligou para a mãe em Minas Gerais para contar a novidade. Ela sugeriu que ele adotasse o nome artístico de Lima Duarte, seu guia espiritual. @limaduarte no Instagram/

O sangue artístico já circulava, aliás, nas veias do pequeno Ariclenes Venâncio. Sua mãe, América, era artista circense. Deixou o circo para casar com o fazendeiro Antônio José Martins. Reprodução/@lavegascircus/

Nos anos 1940, Antônio José adquiriu o primeiro aparelho de rádio da cidade. 'Meu pai vestia terno para escutar o rádio', conta Lima. Piro por Pixabay/

Já ator, Lima ainda acumulava a função de sonoplasta, arte que considera um de seus grandes talentos. No estúdio, produzia barulhos de tiro, fogo, chuva e tudo isso vestindo o figurino de seu personagem, para quando precisasse entrar em cena. Divulgaçãoo/

Lima Duarte trabalhou também como diretor. Esteve por trás das câmeras em 'O Direito de Nascer' e 'Beto Rockefeller', dois grandes sucessos da TV Tupi. @limaduarte no Instagram/

Ainda nos anos incipientes da televisão, ele dublou personagens icônicos da Hanna Barbera, como o gato Manda-Chuva, o cavalo Pepe Legal e o ursinho Catatau, da animação 'Zé Colméia'. Divulgação/

Entre 1960 e 1971, Lima foi membro do Teatro de Arena e atuou nas peças de protesto de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri. Acervo / Derly Marques/

Foi na escadaria do Teatro de Arena, em 1968, que ele foi preso por militares e levado ao Dops (Departamento de Ordem Política e Social), onde foi interrogado pelo delegado Fleury. 'Tive muito medo porque eles matavam', disse Lima em entrevista a Pedro Bial. Wilson Mano / Folhapress/

Também durante a ditadura, em 1975, Lima e todo o elenco original de 'Roque Santeiro' ficaram a ver navios quando a novela foi censurada na noite de estreia. A emissora teve 15 dias para colocar no ar outra novela, 'Pecado Capital', em que Lima viveu o antagonista Salviano Lisboa. Globo/

Dez anos depois, no período de maior abertura do regime militar, 'Roque Santeiro' foi ao ar em nova versão. Escrita por Dias Gomes e Aguinaldo Silva, a novela se firmou como um dos maiores produtos culturais brasileiros de todos os tempos. Divulgação/

Em 'Roque Santeiro', Lima viveu Sinhozinho Malta, par romântico da Viúva Porcina (Regina Duarte). Globo/

'Tô certo ou tô errado?', famoso bordão do Sinhozinho Malta, foi incrementado pelo próprio Lima com o sacudir das pulseiras de ouro. Ele conta que a direção reclamou de seu gestual exagerado, que atrapalhava a captação de áudio. 'Vamos incorporar', sugeriu. 'Um homem que fala tô certo ou tô errado e sacode todo aquele ouro na sua frente, você fala: ele está certo'. Globo/

No fim da novela, Lima ganhou de presente da emissora a caminhonete do personagem, que está até hoje na garagem de seu sítio. @limaduarte no Instagram/

Outro personagem icônico que o ator cocriou foi Zeca Diabo de 'O Bem Amado', também de Dias Gomes. Lima diz que teve a ideia de dar uma voz fina ao temido vilão. 'Andar de matador, postura de matador, cara de matador, mas fala fino'. Globo/

Sassá Mutema de 'O Salvador da Pátria' (1989) foi outro personagem marcante. Ele diz ter se inspirado em 'O Idiota', de Dostoiévski, para marcar o tom puro, talvez até demais, de Sassá, que se apaixona pela professora Clotilde (Maitê Proença). Globo/

Entre seus trabalhos mais recentes na TV esteve o Josafá de 'O Outro Lado do Paraíso' (2017), par romântico de Fernanda Montenegro. Raquel Cunha/Globo/

Lima Duarte foi casado três vezes. Do primeiro casamento, com Marisa Sanches, entre 1951 e 1961, tornou-se pai adotivo de Débora Duarte, filha da atriz. @limaduarte no Instagram/

Entre 1965 e 1968, foi casado com Martha Godoy, com quem não teve filhos. Entre 1970 e 1989, foi casado com Mara Martins, com quem teve Júlia, Mônica e Pedro. @limaduarte no Instagram/

Em fevereiro de 2024, Lima perdeu a filha Júlia, que tinha 49 anos. @limaduarte no Instagram/

Ele é avô das atrizes Paloma Duarte e Daniela Duarte, além de vários outros netos e bisnetos. @danigracindo no Instagram/

Atualmente, Lima vive em seu sítio em Indaiatuba (SP), onde cuida de hortas e jardins, lê clássicos e recebe constantes visitas dos filhos, netos, bisnetos, agregados e amigos. @limaduarte no Instagram/

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