'Meu primeiro sutiã foi o da campanha', diz Patrícia Lucchesi, do comercial da Valisère
Hoje psicóloga, atriz relembra bastidores do anúncio, capa da Playboy e amizade com Washington Olivetto, publicitário que morreu neste domingo (13)
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Em 1987, Patrícia Lucchesi, então com 11 anos, virava oficialmente atriz graças a um comercial no qual ganhava de presente seu primeiro sutiã. A delicada campanha foi criada por Washington Olivetto, que morreu no domingo (13), aos 73 anos, para a grife de lingerie Valisère.
Cerca de 37 anos depois, Patrícia, 49, volta à memória das mulheres brasileiras com a morte do publicitário e o resgate de seus maiores trabalhos. O comercial "Meu primeiro sutiã" consta no livro "Os 100 Melhores Comerciais de Todos os Tempos" e se tornou parte da história da publicidade brasileira e mundial.
Patrícia conversou com o F5 e contou que a campanha foi uma "virada de chave" em sua vida —alavancou a carreira e deu início a uma amizade com Washington Olivetto, criador do comercial. Por vários anos, a atriz conseguiu papéis na televisão —na Band e na antiga TV Manchete, e nos filmes, com o "O Casamento dos Trapalhões".
Ao se tornar mãe aos 17 anos, Patrícia foi, aos poucos, deixando a atuação de lado para se dedicar à psicologia. Ela é mãe de Mateus, 32, diagnosticado com autismo na infância. Atualmente a "menina do primeiro sutiã", como é carinhosamente chamada, trabalha como psicóloga em São Paulo.
Como foi a seleção para o comercial?
Fui chamada para um teste, como muitas foram. Passei. Quando chegou o convite para eu fazer a campanha foi uma grande felicidade para mim. Eu já trabalhava desde os oito anos, fazendo comerciais, desfiles, fotos. Mas foi esse, especificamente, que me lançou e é o meu trabalho mais lembrado até hoje.
Você desenvolveu uma amizade com Washington Olivetto. Como era essa relação?
Estive presente em diversos momentos da vida dele. A gente se encontrava para falar do comercial. Ele era meu amigo, né? Uma pessoa simples. Uma pessoa acessível.
Você teve um bom retorno financeiro?
Eu fui bem remunerada na época. Não em lembro o valor ao certo. Meus pais administraram muito bem isso para mim. E hoje eu estou bem.
O sutiã da Valisère também foi seu primeiro sutiã?
O meu primeiro sutiã eu ganhei de uma amiga. Ela era mais velha do que eu. E ela até pediu autorização para minha mãe para me presentear. Porque o primeiro sutiã, normalmente quem presenteia é a mãe, né? Eu ganhei bem na época da seleção do comercial. Mas eu creio que ela errou um pouquinho o número, ele ficou um pouquinho pequeno para mim. Então ficou que o meu primeiro sutiã foi o da campanha.
Tem uma história boa do comercial para contar?
Todo mundo da equipe me ajudava, porque foi o meu primeiro trabalho como atriz. Eles falaram: 'Olha, pensa no que você gostaria de ganhar'. Eu falei: 'Ah, eu quero ganhar uma caixinha de música'. Aí, quando acabaram as gravações, o diretor, Julinho [Júlio] Xavier, ele me entregou a caixinha de música, que eu tenho até hoje aqui comigo. Então, sim, todos estavam lá, inclusive o Washington, especialmente nesse momento em que abri a caixinha.
O comercial te abriu muitas portas, certo?
Depois desse comercial, eu fui para minisséries. Fiz duas minisséries lindíssimas na Band. Fiz "O Casamento dos Trapalhões". Trabalhei com grandes atores. Tive contato com pessoas geniais, maravilhosas. Pessoas, assim, consagradas. Fiz o seriado "Grande Pai" no SBT. Cheguei a trabalhar até no seriado "Sandy e Júnior".
Você foi capa da revista Playboy em 1994. Como foi a experiência?
Foi um material de muito bom gosto, com uma sensualidade implícita. É uma grande exposição, mas eu, como atriz, tinha que me expor. Na época, quase todas as mulheres famosas acabaram fazendo. Não foi meu principal trabalho, mas vendeu bem. Nem sobrou uma cópia para me darem.
Que legado o comercial "Meu Primeiro Sutiã" deixou?
É um comercial que, na minha opinião, transcendeu o próprio comercial. Porque ele vende um produto, né? Ele conta uma história. E ele entrou para a cultura popular brasileira. Pelo conjunto de bons profissionais que o fizeram. E eu tive a honra de estar lá e aprender com eles. É uma peça que enriqueceu a história e a minha história.