Que mulher nunca se questionou se estava louca?, diz Grazi sobre personagem no cinema
Ao lado de Gianecchini, atriz vive uma mãe perturbada no suspense 'Uma Família Feliz
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Em "Uma Família Feliz", Grazi Massafera e Reynaldo Gianecchini vivem um casal aparentemente perfeito, mas que esconde segredos sinistros por trás da cerca branca de sua casa em um condomínio de luxo.
Enquanto Eva (Grazi) enfrenta o puerpério difícil de seu terceiro filho, Vicente (Gianecchini) tem atitudes dúbias; ora um pai e companheiro amoroso, ora um homem controlador e agressivo. O longa tem roteiro do celebrado autor Raphael Montes, de "Bom Dia, Verônica" e direção de José Belmonte ("Carcereiros").
Ao F5, Grazi falou sobre a identificação com sua personagem, que passa por situações perturbadoras enquanto tenta manter as aparências da família.
"Toda mulher vai se identificar com o processo da Eva. Ela passa por questões maternais muito fortes. O que acontece no nosso corpo quimicamente no puerpério é algo que nem nós entendemos. E essa confusão traz para ela uma reflexão o tempo inteiro: 'Será que eu estou fazendo isso com as crianças?'', diz Grazi. No filme, Eva é acusada de maltratar os filhos.
"Qual mulher nunca se questionou: 'Será que eu estou enlouquecendo? Será que eu queria ser mãe? Será que eu queria estar aqui dentro dessa família, com esse marido? Será que ele está me descredibilizando? Será que eu não estou sendo suficiente para essa família?'", diz a atriz.
Enquanto luta contra os próprios conflitos internos do puerpério, Eva tem de lidar com a passivo-agressividade do marido. "Ele solta essas frases violentas, mas só de ele estar ali e pegar a criança no colo, pronto, ele é um bom pai, não é questionado em mais nada", diz Grazi.
"Ele traz uma mamadeira na hora que a mulher está sofrendo para amamentar. E quando ela quer voltar a trabalhar, quando ela começa a pensar em si como indivíduo e não só como mãe, ele a ataca por isso. E qual mulher nunca passou por isso?", provoca.
Mãe de Sophia, de 11 anos, com Cauã Reymond, a atriz conta que também teve um puerpério cheio de desafios. "Amamentação é algo que ninguém diz o quanto é difícil. A gente tenta normalizar essas questões que não são normais. A gente é muito complexa", diz ela.
"Não é só um filme de suspense, é um filme que traz muitas reflexões estruturais da nossa sociedade. É um filme nesse lugar, deixa a gente desconfortável. Colocar a Eva dentro do grupo de suspeitos é fazê-la se questionar: 'Eu tô louca?' E qual de nós nunca se questionou isso, seja por um motivo real ou por alguma acusação?", pontua Grazi.
O jogo nunca está ganho
Gianecchini, que repete a parceria com o autor Raphael Montes depois da aclamada série "Bom Dia, Verônica", revelou que apesar das décadas de carreira, ainda se sente inseguro com um novo trabalho.
"Fico pensando sempre no processo que vou viver naquele novo personagem, porque quero sempre aprender. Tenho medo de não dar conta", entrega. "É inerente à profissão a gente ter que matar um leão por dia. Eu sempre sinto isso: o jogo nunca tá ganho. Vou pro set e sempre acho que tá todo mundo desconfiando que eu não vou conseguir entregar. Mas por um lado é bom, porque me tira da zona de conforto. Sou muito crítico comigo mesmo e sempre quero melhorar", desabafa.