Ídolo japonês de origem brasileira acusa produtor musical de agressão sexual
Kauan Okamoto afirma que foi sexualmente agredido pelo produtor Johnny Kitagawa, morto em 2019
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O cantor Kauan Okamoto, de 26 anos, filho de brasileiros e nascido no Japão, revelou nesta quarta-feira (12) que foi sexualmente agredido pelo produtor Johnny Kitagawa, que lançou várias bandas de rapazes e morreu em 2019, aos 87 anos. Okamoto era integrante do grupo Johnny's Junior.
Kitagawa foi produtor no Japão de vários grupos masculinos do chamado J-Pop, como SMAP, TOKIO e Arashi. Os rumores de que ele abusava sexualmente de seus artistas corriam desde 1999, quando dois repórteres de uma revista japonesa publicaram testemunhos de vários adultos que, quando jovens, teriam sido agredidos por Kitagawa em um dormitório que ele mantinha em sua casa para alojar os candidatos ao estrelato.
Ídolo no Japão, Okamoto nasceu na província de Aichi Ken. Com dupla nacionalidade, o artista canta em japonês e em português.
Ex-integrante do grupo Johnny’s Junior, Kauan Okamoto disse em entrevista coletiva em Tóquio que foi agredido sexualmente por Kitagawa "de 15 a 20 vezes durante os quatro anos que trabalhou para a agência Johnny and Associates", que dominou a indústria do entretenimento japonesa durante décadas. O nipo-brasileiro tinha 15 anos quando começou a sofrer os abusos de Kitagawa.
O cantor é uma das primeiras pessoas a denunciar publicamente os abusos sexuais cometidos por Kitagawa contra jovens, assunto discutido há vários anos e que voltou a ganhar destaque com um documentário recente da BBC, "Predator: The Secret Scandal of J-Pop (Predador: O escândalo secreto do J-Pop)".
CENTENAS DE AGRESSÕES
"Espero que outras vítimas também apareçam, todas elas", disse Okamoto na entrevista coletiva, organizada pelo Clube de Correspondentes Estrangeiros do Japão. Ele afirmou acreditar que "de 100 a 200 jovens" que trabalharam para a agência também foram agredidos por Kitagawa.
"Também quero que os diretores da agência, e o próprio Johnny se estivesse aqui hoje, saibam o que aconteceu e garantam que estas coisas não voltem a acontecer."
As acusações de abusos infantis e agressões sexuais pairaram sobre Kitagawa durante anos, mas a maioria dos denunciantes permaneceu no anonimato. Kitagawa nunca foi acusado criminalmente.
De acordo com o músico, era frequente que os jovens talentos que trabalhavam para Kitagawa passassem a noite na cobertura do empresário, que tinha hidromassagem, bar e karaokê.
Okamoto afirmou que na primeira vez que Kitagawa abusou dele, o empresário se deitou em sua cama, começou a tocar os órgãos genitais do jovem e o obrigou a fazer sexo oral. No dia seguinte, Kitagawa entregou 10 mil ienes (R$ 375), sem revelar o motivo, disse o artista.
A AFP procurou a agência Johnny and Associates, mas não recebeu resposta até a publicação desta reportagem. O Clube de Correspondentes Estrangeiros do Japão também afirmou que a empresa se recusou a responder suas perguntas.