O Ministério Público Federal (MPF) na Paraíba entrou com um pedido de prisão e multa contra o jornalista e apresentador da RedeTV! Sikêra Jr., 56, por ele fazer comentários considerados racistas em 2018. O caso aconteceu durante a apresentação do Cidade em Ação, da TV Arapuan, sua antiga emissora, após uma reportagem mostrar uma mulher negra sendo presa.

Na ocasião, Sikêra se referiu a ela como "vagabunda", "preguiçosa" e "sebosa". Dessa forma, o MPF entendeu que o jornalista cometeu racismo, cuja pena vai de um a três anos, e que ele extrapolou os limites da liberdade de expressão. A denúncia foi protocolada no último dia 30 de janeiro.

Procurado, o advogado de Sikêra, Rannieri Lopes, afirma que o apresentador não tem medo de nada e que a defesa não crê em uma condenação, pois, segundo ele, trata-se de um crime "apenas no imaginário do MP [Ministério Público]".

"A matéria jornalística que foi ao ar no ano de 2018 não traz nenhum contexto racial ou mesmo homofóbico. Na verdade, trata-se de uma crítica jornalística amparada pela nossa constituição. O pedido de prisão proposto é muito frágil e acredito que o juiz não deva receber a denúncia, pois o suposto crime racial existe apenas no imaginário do MP", diz a defesa.

Segundo o advogado, portanto, não existiria base legal na denúncia e ninguém ouviu o apresentador. "Ainda não fomos citados. Somente após a defesa o juiz vai analisar se recebe ou não a denúncia. Se não receber, acaba a ação e não vira processo. Assim, é muito prematuro se falar em prisão do apresentador", emenda o advogado.

Perguntado a respeito de outras denúncias e processos que Sikêra está envolvido, movidos sobretudo por outros artistas como Xuxa e Junno Andrade, Rannieri afirma que o apresentador segue tranquilo, pois nunca foi condenado criminalmente.

"Sikêra Jr. é uma pessoa pública com a reputação ilibada. O fato de ele apresentar um programa jornalístico com conotação de humor acarreta uma certa animosidade para quem está sendo falado. Inclusive, já ganhamos vários processos criminais, pois as denúncias são inconsistentes por falta de elementos concretos."