O ator Luis Lobianco não era íntimo de Gal Costa, mas além de fã declarado, tem como um dos hinos de sua vida a música "Baby", interpretada pela cantora, que morreu nesta quarta-feira (9). Quis o destino que ele fosse convidado para fazer parte do elenco do filme "Meu Nome é Gal", dirigido por Dandara Ferreira e Lô Politi e previsto para estrear em março de 2023.

Lobianco interpreta o empresário e produtor musical Guilherme Araújo, um dos idealizadores do movimento tropicalista e personagem de fundamental importância na música brasileira e na carreira de Gal. A pedido do F5, Lobianco escreveu um texto sobre a cantora.

"Que silêncio. Até aqui vivemos encantados pela existência de Gal Costa. E agora? Será suficiente achar abrigo na sua obra sem a expectativa de encontrá-la no Castro Alves, no Circo ou ao dobrar uma esquina em SP?

A partida da cantora nos causa sentimento de orfandade porque foi agente de construção da nossa memória coletiva. Sua presença está no comportamento das nossas mães, no timbre que continuou nas cantoras que vieram, o som das fotos de família e carnavais.

Gal Costa é a expressão do Brasil mais belo possível. Agudo rara, corpo livre e o vermelho no sorriso das mulheres e bichas brasileiras. Profana, Índia, divina e maravilhosa. Que honra minha ter sido seu fã a vida inteira e no último ano mergulhar na sua história através do cinema.

Gal ensinou que é possível fazer revolução com doçura. Gritou tímida e bárbara com o peito de fora: visão de uma Orixá para quem céu e terra se abrem. Atravessou o tempo do mundo com seu canto de sereia. Guilherme Araújo disse sempre - internacional! Pois agora Gal é o Universo, Gui."