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Ator de James Bond pede desculpas por apresentação 'nojenta'

O ator George Lazenby foi acusado de fazer comentários homofóbicos e misóginos em uma apresentação - Getty Images/BBC News

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São Paulo

O ator George Lazenby, que já viveu James Bond no cinema, pediu desculpas depois de ser acusado de fazer comentários "assustadores" e "nojentos" em um evento sobre a franquia do agente secreto britânico.

O ator, que interpretou o papel no filme "007 - A Serviço de Sua Majestade", de 1969, era um dos participantes de uma turnê australiana chamada "The Music of James Bond", focada nos filmes do famoso personagem da literatura e do cinema.

Os membros do público da cidade de Perth se ofenderam com os comentários "homofóbicos" e "misóginos" do ator, segundo a imprensa local. Depois das críticas, Lazenby disse que ficou "triste ao ouvir" que suas histórias ofenderam os fãs.

"Nunca foi minha intenção fazer comentários ofensivos ou homofóbicos e sinto muito se minhas histórias que compartilhei muitas vezes foram interpretadas dessa maneira", escreveu ele em um comunicado.

O ator australiano de 83 anos foi removido de todas as apresentações futuras da turnê.

A produtora de teatro Concertworks disse estar "extremamente entristecida e desapontada" com a "linguagem, comentários e lembranças" de Lazenby durante o show de sábado em Perth.

"Estas foram opiniões pessoais e não há desculpa para isso na sociedade de hoje. Elas não refletem as opiniões da Concertworks", disse Aaron Kernaghan, advogado da empresa.

A empresa entrou em contato com os espectadores para emitir um reembolso para quem pagou ingresso, acrescentou. Enquanto isso, a companhia "escolheu interromper seu relacionamento com Lazenby" e iniciou "uma revisão completa do assunto".

De acordo com uma mulher que assistiu à apresentação, Lazenby passou a entrevista "falando basicamente sobre suas conquistas sexuais".

"Ele foi homofóbico e certamente não estava falando sobre seu filme como James Bond", disse ela à emissora de rádio 6PR, de Perth. "Ele também subestimou a rainha Elizabeth um dia depois que ela morreu", acrescentou.

"Foi absolutamente inacreditável... A certa altura, ele citou um jogador de críquete australiano em cuja filha ele estava 'interessado'. E ele contou que arrastou a mulher para fora de um pub e a colocou em um carro em Londres, o que novamente é horrível. Não foi encantador nem engraçado. Foi assustador, foi ofensivo... Ele foi nojento, não há duas maneiras para falar sobre isso."

Outro participante descreveu a apresentação como "histórias misóginas sobre as proezas sexuais de George Lazenby, detalhes íntimos de diarreia e objetificação de mulheres".

"Foi só quando um espectador gritou 'Com licença, isso é ofensivo' que a tensão ficou evidente e George foi retirado do palco e a música salvou o dia", relatou um espectador ao jornal The West Australian.

Já Joseph McCormack, que também assistiu ao show, disse no Twitter que pelo menos um membro da plateia "gritou que a fala Lazenbyera uma ofensa".

Uma segunda pessoa, que ligou para a emissora 6PR, defendeu o ator, dizendo que suas histórias eram um "exagero" deliberado para causar um efeito cômico. "Ele não sequestrou [ninguém], não houve estupro. As pessoas ficaram alarmadas. [O show] foi muito divertido até que as pessoas começaram a gritar e vaiar."

A BBC não conseguiu verificar de forma independente a natureza dos comentários de Lazenby na apresentação.

A West Australian Symphony Orchestra (WASO), que também se apresentou no show, criticou o ator em comunicado divulgado no fim de semana.

"Suas lembranças eram visões pessoais que podem ter refletido uma época em que tal comportamento era tolerado, mas nunca foi aceitável", escreveu a orquestra, em nota.

"Os comentários eram dele e não refletem nossa sociedade atual. Suas opiniões não são compartilhadas ou endossadas pela WASO ou pelo Perth Concert Hall."

O ministro da cultura da Austrália, David Templeman, acrescentou: "Entendo que o público deixou suas opiniões claras sobre o conteúdo do que ele disse".

Lazenby foi catapultado à fama em 1969, quando foi escalado para substituir Sean Connery na franquia James Bond.

Ex-modelo e sem experiência anterior em atuação, ele estrelou apenas um filme –alegando ter recusado US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,1 milhões) para revisitar o papel em longa posterior.

"Bond é um bruto... Eu já o deixei para trás. Nunca vou atuar como ele novamente. Paz. Essa é a mensagem agora", disse ele, na época.