'Megxit': 5 perguntas ainda sem resposta sobre o futuro de Harry e Meghan
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A partir de março, o príncipe Harry e sua mulher, Meghan, deixarão de representar oficialmente a rainha Elizabeth 2ª e de receber dinheiro público para cumprir deveres reais. Também não usarão mais os títulos de "sua alteza real".
O casal afirmou que planeja viver entre o Reino Unido e a América do Norte, principalmente no Canadá, onde Meghan morou quando trabalhava como atriz. No início deste ano, Harry e Meghan pegaram o mundo de surpresa ao falar sobre sua intenção de deixar de ser membros seniores da família real e "trabalhar para tornarem-se independentes financeiramente".
A decisão abalou a tradicional monarquia britânica, levando a rainha Elizabeth 2ª a solicitar um encontro familiar às pressas para resolver a situação. Ainda que alguns detalhes sobre o futuro do casal já tenham sido divulgados, algumas perguntas permanecem sem resposta. Confira.
1) Se Harry mudar de ideia, poderá ter de volta o que 'perdeu'?
Quando Harry anunciou sua decisão de deixar de ser membro sênior da família real, no início de janeiro, provavelmente não imaginava tudo o que estava por vir. Na ocasião, ele e Meghan disseram, por meio de um comunicado, que, apesar de quererem trabalhar para se tornar "financeiramente independentes", continuariam "a apoiar totalmente sua Majestade, a rainha".
No entanto, no sábado (18), o Palácio de Buckingham informou que o casal perderá os títulos de "sua alteza real". Harry e Meghan vão deixar de representar oficialmente a rainha Elizabeth 2ª e de receber dinheiro público para cumprir deveres reais.
Harry também perderá o título de capitão geral dos fuzileiros navais reais que recebeu de seu avô, o príncipe Philip, que o deteve de 1953 a 2017, e deixará de ser o comandante de honra da Força Aérea Real.
Ele também vai renunciar ao papel de embaixador da juventude na Commonwealth. Mas Harry continua sendo príncipe e mantém sua sexta posição na linha de sucessão ao trono britânico.
O príncipe tinha —também de nascimento— o direito ao título de "sua alteza real", que os príncipes e princesas herdeiros do trono recebem. É o que deixará de ser usado nos próximos meses e só poderá ser restaurado por um monarca.
Se Harry mudar de ideia, portanto, não se sabe se este título lhe será devolvido. Atualmente, a decisão caberia à sua avó, a rainha Elizabeth 2ª. Por outro lado, Harry e Meghan vão permanecer com seus títulos de duque e duquesa de Sussex, que receberam da rainha no dia do casamento, em 18 de maio de 2018.
No domingo (19), em seu primeiro pronunciamento desde a decisão de não ser mais membro sênior da família real, o príncipe afirmou que está "dando um salto no escuro" e, resignado, acrescentou que "não havia opção".
Harry deixou claro, no entanto, que ele e Meghan "não estão indo embora". "O Reino Unido é minha casa e um lugar que eu amo, isso nunca vai mudar", disse ele.
2) Como Harry e Meghan vão se sustentar?
Harry e Meghan disseram querer se tornar "financeiramente independentes". Mas como vão ganhar dinheiro permanece uma incógnita. Como membros seniores da realeza britânica, eles não podiam exercer trabalho remunerado, devido ao conflito de interesses que isso geraria. Mas, agora, o casal vai poder trabalhar.
David McClure, autor de um livro sobre como a realeza ganhou e gastou sua riqueza, disse que o casal já tem seu próprio dinheiro e que poderá ganhar mais com a TV no futuro. Meghan recebeu US$ 50 mil (cerca de R$ 210 mil) por episódio quando era protagonista da série "Suits". Ainda que não trabalhe mais como atriz, ela recebe pagamentos toda vez que o programa é retransmitido.
Também dirigiu um blog de estilo de vida e criou sua própria linha de moda para uma marca canadense. Já Harry, além de receber dinheiro do pai, tem a herança da mãe, a princesa Diana, que deixou 13 milhões de libras (R$ 71 milhões) para ele e seu irmão, William. Ela morreu em um acidente de carro em 1997.
Além disso, acredita-se que o príncipe tenha recebido outros milhões de libras de herança de sua bisavó, a rainha-mãe, diz o correspondente real da BBC Nick Witchell. No verão passado, Harry e Meghan Markle solicitaram o registro da marca Sussex Royal, levantando a possibilidade de lançarem sua própria linha de produtos, de beleza a roupas.
Mas agora que o casal não vai mais cumprir deveres reais e usar os títulos de "sua alteza real", usar essa marca pode ser visto como impróprio.
3) Harry continuará a receber dinheiro do pai?
Sim, mas ainda não se sabe exatamente como ou quanto. Apenas 5% dos gastos de Harry e Meghan (custo de vida, viagens e roupas) são pagos com dinheiro público, uma vez que cumprem deveres reais. Como deixarão de exercer tal atividade, não receberão mais esse montante.
O restante das despesas (95%) do casal era pago pelo pai de Harry, o príncipe Charles. Charles financia seus filhos e suas famílias com renda do Ducado da Cornualha (que tem várias propriedades e investimentos). No ano passado, o montante destinado para cobrir os gastos das famílias de William e Harry foi de 5 milhões de libras (cerca de R$ 26 milhões).
Apesar de o casal continuar a receber dinheiro do pai de Harry, não está claro se isso virá do Ducado, do patrimônio pessoal de Charles ou de uma combinação dos dois. O casal concordou em ressarcir 2,4 milhões de libras (cerca de R$ 13 milhões) aos cofres públicos pela reforma de sua residência oficial, a Frogmore Cottage, no Castelo de Windsor. Também vão pagar "aluguel comercial" pelo imóvel.
4) Harry e Meghan vão pagar por sua própria segurança?
Essa é uma das principais dúvidas. Atualmente, a segurança do casal —assim como a de outros membros da família real— é feita pela Metropolitan Police, financiada pelos contribuintes britânicos. Esses custos não são divulgados, mas segundo valores que circulam na imprensa, girariam em torno de 1 milhão de libras por ano (R$ 5,4 milhões).
Como Harry e Meghan anunciaram que pretendem viver entre o Reino Unido e a América do Norte, essas despesas devem provavelmente aumentar —e é possível que eles paguem por isso, mas ainda não está claro se parcial ou integralmente.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, teria prometido à rainha Elizabeth 2ª que o Canadá pagará a conta quando o casal estiver no país. Mas o ministro das Finanças canadense, Bill Morneau, disse que as autoridades ainda não tomaram nenhuma decisão a esse respeito.
Além disso, uma sondagem recente mostrou que 73% dos canadenses são contra financiar a segurança do casal.
5) Onde Harry e Meghan vão viver?
O casal disse querer viver entre Reino Unido e América do Norte, especialmente no Canadá. O problema é que nenhum dos dois tem visto de residência ou nacionalidade daquele país —Meghan viveu no Canadá, mas é americana de nascimento.
Ainda que a rainha Elizabeth 2ª exerça a função de chefe de Estado (o Canadá é uma monarquia constitucional), membros da família real britânica não têm cidadania automática do país.
Ou seja, se o casal quiser realmente morar no Canadá, terá de solicitar um visto de residência, como exige a lei —Harry, como britânico, e Meghan, como americana, podem passar até seis meses no país como turistas.
Além disso, alguns juristas argumentam que a decisão de Harry e Meghan de viver no país viola a constituição canadense. Outro obstáculo se refere à situação de ambos com o fisco. Nenhum deles terá privilégios especiais para o pagamento de impostos.
Se o casal realmente decidir fixar residência, ou passar 183 dias do ano fiscal no país, então, o Canadá vai considerá-los residentes para fins tributários. É provável, contudo, que Harry e Meghan não passem muito tempo fora do Reino Unido —do contrário, Meghan não conseguirá preencher os requisitos para obter sua cidadania britânica.
De qualquer forma, o casal terá de pagar imposto sobre qualquer rendimento que obtiver no Canadá.