Asa Branca recebe alta após nova internação, mas passa mal durante volta para casa
Episódio foi marcado por pressão baixa e falta de ar; mulher diz que pretende mantê-lo em casa
O locutor de rodeios Asa Branca, 57, recebeu nesta sexta-feira (3) alta do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo), após uma internação que se estendia desde o dia 27 de dezembro em decorrência de um câncer.
A informação foi confirmada pela mulher do artista, Sandra dos Santos, que no entanto revelou que o locutor teve um mal-estar a caminho de casa. "Tivemos alta, mas na verdade ele não está bem. No caminho de casa passou muito mal, não dormiu nada à noite", afirmou ela ao F5.
O episódio foi marcado por pressão baixa e falta de ar, sintomas pelos quais ele já tinha passado anteriormente pelo menos três vezes. O estado dele na manhã deste sábado (4), segundo a mulher, continua "praticamente o mesmo".
Mesmo assim, Santos afirma que pretende mantê-lo em casa "o máximo que conseguir", porque o hospital não o mantém internado. Asa Branca seguirá o tratamento em casa com uso de morfina.
Procurada pela reportagem, a assessoria do Icesp mandou a seguinte nota: "O Instituto do Câncer do Estado de São Paulo esclarece que o paciente Waldemar Ruy Asa Branca dos Santos deu entrada no dia 28 de dezembro de 2019. Durante os dias de internação, evoluiu com melhora clínica e recebeu alta no dia 3 de janeiro de 2020, já com agendamento para consulta ambulatorial nos dias 7 e 11 de janeiro com equipes especializadas que acompanham o caso".
E completa: "Paciente e familiares têm sido orientados sobre toda conduta médica adotada, bem como sobre a possibilidade de procurar atendimento a qualquer momento por meio do Centro de Atendimento de Intercorrências Oncológicas (CAIO), unidade do Instituto disponível 24h por dia para atender situações emergenciais de seus pacientes."
No dia 28 de dezembro, Santos disse que Asa Branca era maltratado dentro do hospital Vereador José Storopolli, o Vermelhinho, na zona norte de São Paulo, e chegou a ser amarrado pelos enfermeiros da unidade de saúde. "A hora em que eu conseguir, vou mudar de hospital. Já o desamarrei agora, mas ainda vou tirá-lo daqui."
A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, responsável pelo hospital, afirmou que o locutor não foi maltratado e que foi necessário adotar "contenção mecânica" em alguns momentos para a proteção do próprio paciente.
"O paciente continua internado e apresenta oscilação de quadro neurológico, com momentos de agitação, confusão mental e agressividade e outros momentos de lucidez. Ele está medicado, sendo necessária a associação de contenção mecânica em alguns momentos para sua própria proteção."
Segundo a Secretaria, o objetivo da contenção mecânica, associada à contenção medicamentosa (sedação), é a proteção do paciente –tanto para evitar queda quanto para evitar perda de seus acessos (cateter de oxigênio, sondas, cateter venoso), ou que o paciente acabe por se machucar.
Após o comunicado, em novo contato com o F5, Sandra reafirmou que enfrenta problemas na unidade hospitalar. "Estou vivendo o inferno aqui nesse hospital. Meu marido está grudado em mim, ele não solta da minha roupa, de medo de ficar sozinho aqui e baterem nele", disse ela, em referência ao atendimento prestado pelos enfermeiros na unidade.
O locutor já havia sido internado na unidade anteriormente, recebendo alta no dia 21 de dezembro –uma semana antes da nova internação. Uma vaquinha virtual foi aberta por Santos para tentar conseguir fundos para ajudar com as despesas referentes ao tratamento médico do locutor.
De acordo com a mulher, na época, os médicos o deram mais um mês de vida. “O estado é grave. Os médicos dizem que não têm mais o que fazer, que agora é só esperar a vontade de Deus. Milagres acontecem e eu tenho esperança ainda. Mas estamos vendo que é complicado”, explicou.
ÍCONE DOS RODEIOS
Waldemar Ruy Asa Branca dos Santos foi milionário e um ícone no mundo dos rodeios por criar um novo estilo de narração. Ele já chegou a ganhar R$ 1 milhão em um único mês, morava nos Jardins, usava helicópteros e aviões fretados como meio de transporte.
Após abusar de uma vida de luxo, sexo e drogas, ele perdeu, ao menos, R$ 10 milhões. Portador do vírus da Aids desde 1999, o locutor, que apresentava os principais rodeios país afora, era figura fácil em programas de TV. Quase morreu em 2013, após contrair uma doença transmitida por pombos e meningite. Ele tentou retomar a carreira depois disso, mas a doença foi se agravando.
A carreira de Asa Branca foi meteórica. Virou locutor por acaso em 1985, quando o narrador oficial brigou com a direção de uma festa. Tinha sido eliminado do rodeio no primeiro dia e perdido o gosto pela atividade após ser pisado por um touro em 1984. O pisão lhe rendeu uma cirurgia no peito.
Tomou gosto pela narração e resolveu se aperfeiçoar. Foi limpar cocheiras no Texas, onde acontecem alguns dos principais eventos da área nos EUA, e conheceu uma tecnologia avançada à época: microfone sem fio.