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Lancôme é ameaçada de boicote em Hong Kong por cancelar show de cantora ativista

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A empresa francesa de cosméticos Lancôme está sendo alvo de pedidos de boicote em Hong Kong por cancelar o show de uma cantora local, criticada em Pequim por seu compromisso político.

Figura do movimento pró-democracia do outono de 2014, Denise Ho deveria cantar em um evento promocional em 19 de junho em Hong Kong.

A famosa marca do grupo L'Oréal publicou dois comunicados no domingo, o primeiro informando que a cantora não era uma de suas porta-vozes, e o segundo, horas depois, para anunciar o cancelamento do show "por razões de segurança", sem fornecer mais detalhes.

Em uma cidade conhecida por sua segurança, muitos internautas interpretaram a decisão como reação a uma publicação, no sábado, do jornal estatal chinês em inglês "Global Times".

Este órgão dependente do Partido Comunista chinês acusou nas redes sociais a Lancôme de cooperar com "um veneno de Hong Kong" e com "um veneno tibetano", em referência ao apoio da cantora ao Dalai Lama.

Mais de 24 mil pessoas reagiram com irritação na manhã desta terça-feira (7) no Facebook ao controverso comunicado da Lancôme anunciando o cancelamento do show.

Alguns comentários anunciavam um boicote.

"É brincadeira? Estão dizendo que Hong Kong não é um lugar seguro? Se for assim, aconselho fortemente a Lancôme a parar suas atividades em Hong Kong", reagiu Winnie Leung, uma internauta. "Este incidente é um bom exemplo de 'desastre de relações públicas'".

​ Castigada por tomar a palavra

O projeto de show havia sido criticado anteriormente na China, onde alguns internautas acusaram a marca francesa de utilizar os lucros gerados na China continental para promover as causas independentistas de Hong Kong e Tibete.

Por meio do acordo anglo-sino que articulou a retrocessão de 1997, Hong Kong goza de liberdades desconhecidas em outras partes da China continental, em virtude do princípio "Um país, dois sistemas".

Diversos incidentes, e sobretudo o desaparecimento de livreiros críticos a Pequim, reforçaram na ex-colônia o sentimento de que estas liberdades estão diminuindo e de que Pequim aumenta seu controle.

Por sua vez, a própria Denise Ho criticou a decisão da Lancôme.

"Não é justo que me castiguem por tomar a palavra, por enfrentar, por ter buscado estes direitos que consideramos direitos humanos essenciais", denunciou no Facebook a cantora, que em maio publicou uma foto com o Dalai Lama.

"Quando uma marca mundial como a Lancôme se ajoelha ante um poder hegemônico e intimidante, devemos enfrentar o problema de frente, porque isso significa que os valores universais foram gravemente desvirtuados", acrescentou a cantora.

Denise Ho
Foto de arquivo de 2014 da cantora Denise Ho - AFP

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