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Hashtag '#MeuPrimeiroAssédio' inspira campanhas semelhantes pelo mundo

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Poucos meses depois de a campanha #MeuPrimerioAssédio viralizar no Brasil, uma iniciativa semelhante ganhou força na América Latina nos últimos dias, sobretudo no México.

Usando a hashtag #MiPrimerAcoso, milhares de mulheres relataram seus primeiros assédios sexuais no Twitter —de cantadas e assobios à violência física.

A versão da hashtag em espanhol começou com a ativista e colunista colombiana Catalina Ruiz-Navarro.

Em artigo na revista "Vice", ela contou que visitou o Brasil para um fórum sobre os efeitos do vírus zika e ficou sabendo da campanha #MeuPrimerioAssédiocriada em outubro passado pela organização Think Olga, após uma avalanche de comentários sexistas sobre uma jovem de 12 anos que participava de um programa de TV.

Ruiz-Navarro e a colega Estefanía Vela tiveram, então, a ideia de reproduzir a experiência no México e em outros países latino-americanos.

"A resposta, assim como ocorreu no Brasil, foi esmagadora: em menos de duas horas a hashtag estava nos trending topics [os assuntos mais comentados do Twitter naquele momento]", disse.

Ela estima que a idade média do primeiro assédio entre as mulheres que se manifestaram na rede seja por volta dos sete anos de idade.

"Quando tinha cinco anos, um tio, com mais de 40 anos, me levantou para me carregar e logo colocar os dedos na minha genitália por baixo do vestido", relatou uma usuária do Twitter.

​"No metrô, um imbecil me tocou por toda parte e se masturbava. Ninguém me ajudou até que chorei e gritei. Eu tinha 16 anos", escreveu outra.

​Agressão verbal também está entre os assédios denunciados. "Saí de pijama na rua porque o cachorro tinha escapado. Um cara se aproximou e me disse 'que peitos gostosos você tem'. Eu tinha 11 anos", disse a usuária.

Ruiz-Navarro ressaltou que o assédio começa na infância, mas acompanha as mulheres por toda a vida.

"Nossa experiência de assédio se torna massiva, sistemática e repetitiva. Aprendemos a viver em constante situação de autodefesa, pensando no que vou vestir, quem vai me ver, por onde vou caminhar, se posso ficar a sós com ele."

Versão em inglês

Uma campanha semelhante em inglês circulou nas redes sociais nas últimas semanas, atraindo usuárias de vários países.

Há algumas semanas, a estrela adolescente Rowan Blanchar revelou seu primeiro assédio à revista americana "Interview".

A jornalista Allana Vagianos ficou impressionada com a história da jovem e criou a hashtag #FirstTimeIWasCatcalled ("A primeira vez em que fui cantada").

"Eu tinha 11 anos e peguei um galho perto de uma estrada. Um cara buzinou e gritou pela janela. Achei que eu tivesse feito algo de errado", contou no Twitter a usuária Dale Marie.

​Outra hashtag semelhante, #firstharassment, havia viralizado no fim do ano passado, sendo usada por mulheres de todo o mundo.

"Num mundo perfeito, eu gostaria que, após debater na web assédios e cantadas nas ruas, isso parasse. Sei que isso não vai acontecer do dia para noite, mas acho que, pouco a pouco, quando temos esse tipo de conversa, combatemos um grande problema", disse Vagianos à DW.

Manifestante protesta em combate à violência contra a mulher no México
Manifestante protesta em combate à violência contra a mulher no México - Daniel Becerril/Reuters

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