Contra a discriminação, revista imprime edição com sangue de soropositivos
A nova edição de primavera da revista austríaca "Vangardist", lançada nesta terça-feira (28), foi feita com sangue.
Para fazer uma campanha contra a discriminação de pessoas soropositivas, a publicação misturou sangue infectado com o vírus do HIV à tinta usada para imprimir a edição da revista, que tem uma tiragem de mais de 3 mil exemplares.
A campanha foi coordenada pela agência de publicidade e comunicação Saatchi & Saatchi.
A impressão foi supervisionada por médicos de Harvard e da Universidade de Innsbruck, que garantiram que não há como se contagiar com o vírus por meio da revista, já que foi usada uma fração de sangue para cada 28 de tinta.
Mesmo que a fração de sangue fosse maior, ainda assim o contágio seria quase impossível, já que o vírus do HIV é sensível a mudanças na alcalinidade e não resiste ao pH da tinta.
Julian Wiehl, CEO da revista, explicou a motivação da ideia em um comunicado à imprensa: "Com 80% mais casos de HIV sendo confirmados em 2013 do que há 10 anos, estima-se que 50% dos diagnósticos sejam detectados tarde demais porque há um estigma social associado ao vírus".
A revista "Vangardist" se define como sendo voltada aos "homens progressistas" e publica ensaios fotográficos, reportagens sobre comportamento e turismo. Segundo Wiehl, por cobrir assuntos de "estilo de vida", a revista se sentiu compelida editorialmente a fazer uma campanha sobre um tema que afeta a sociedade de hoje.
A agência de publicidade afirma ter procurado provocar uma reação rápida para o assunto. "Queríamos criar uma resposta imediata, transformando a mídia na raiz do estigma —imprimindo cada palavra, linha, foto e página dessa revista com sangue de pessoas soropositivas. Segurando essa edição, os leitores estão quebrando o tabu na hora", explicou Jason Romeyko, diretor executivo de criação da Saatchi & Saatchi.
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