Fernando Pavão, que viverá o aristocrático comendador Almeida em "Escrava Mãe", da Record, afirmou que as cenas de racismo da novela são chocantes, tanto para quem vê quanto para quem encena o folhetim.

A história, que se passa no século 19, conta como a escrava Juliana, mulata, deu à luz Isaura, a famosa escrava branca do romance de Bernardo Guimarães, que inspirou adaptações na Globo e na Record.

"Choca lendo, choca fazendo", diz o ator. "Mas é uma coisa pra se parar pra pensar, porque isso aconteceu há muito pouco tempo, e em alguns lugares ainda acontece".

Um exemplo de cena que o chocou foi quando alguém usa a palavra "moça" para se referir a uma escrava e ele tem que rebater dizendo que "não é uma moça, é uma escrava".

"Não é só uma questão social, relativa a uma época", reflete Pavão. "É uma questão do ser humano, o ser humano é assim".

Ele afirma que, para conseguir encenar um vilão que não seja estereotipado, "são esses os sentimentos que a gente tem que buscar dentro da gente, pra conseguir dar essa humanidade para o personagem".

Desde 2007, Pavão já participou de diversas novelas da Record, como "Caminhos do Coração" (2007), "Os Mutantes" (2008) e "Pecado Mortal" (2013). Esse papel, porém, é o seu primeiro como vilão.

"Vilão te dá mais possibilidades, de fazer maldades sem pudor. O mocinho tem o papel de carregar alguns valores em uma novela, o que é um pouco cansativo ao longo de um ano", comentou. "Vilão não, é surpreendente. Ele faz coisas cruéis e abomináveis com naturalidade. Quando você consegue fazer isso sem julgar seu personagem, é maravilhoso".