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'Ninguém entra amador e sai chef de reality', diz Bertolazzi, do 'Cozinha Sob Pressão'

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Chef se tornou a palavra do momento com o boom dos realities culinários no Brasil. Mas, para ser um, é preciso muito mais do que saber cozinhar, segundo Carlos Bertolazzi, carrasco do "Cozinha Sob Pressão" (SBT).

Muito além das panelas, a profissão envolve uma série de atribuições executivas, como o gerenciamento da equipe, do estoque e dos custos de um restaurante. E é por esse (e outros) motivos que nenhum amador é capaz de sair de um reality show com o título, na opinião do cozinheiro.

"Ninguém sai nem da faculdade de gastronomia um chef. Essa é uma posição que se conquista", disse, em entrevista ao "F5" nesta sexta-feira (17), véspera da grande final da segunda temporada da competição que comanda.

"Não é o programa que vai determinar se uma pessoa é chef ou não. O que ele pode fazer é dar exposição e tornar um cozinheiro mais conhecido, o que pode facilitar para que ele abra um restaurante e seja o chef dele."

Bertolazzi é sócio do restaurante paulistano Zena Caffè, autor do livro "Ichef: Histórias e Receitas de um Chef Conectado" e um dos apresentadores do "Homens Gourmet" (Fox Life).

No "Cozinha Sob Pressão", versão brasileira do formato britânico "Hell's Kitchen", ele avalia o desempenho de dezesseis profissionais aspirantes a chef numa cozinha que tenta retratar a realidade caótica dos bastidores dos restaurantes.


SEM EXAGERO

O cozinheiro garante que não há exagero no ambiente de tensão retratado no reality em relação às verdadeiras cozinhas profissionais. Segundo ele, o programa simboliza um tipo específico de restaurante.

"Em casas que oferecem um menu degustação, ou têm um cardápio super complexo, há um pré-preparo muito bem executado, que faz com que, na hora do serviço, você quase só monte o prato", explica.

"O que a gente busca é fazer uma outra cozinha, à la carte, em que há a surpresa em relação ao que o cliente vai pedir. Nesse tipo de cozinha há mais atrito. Se fosse o contrário, o programa não teria graça."

(QUASE) SEM GRITO

Mesmo sendo duro com os participantes da atração, Bertolazzi nem de longe lembra o estilo agressivo de Gordon Ramsay, que ganhou fama com a versão britânica do reality.

Para o chef brasileiro, esse tipo de relação, mais feroz, com os competidores não funcionaria no Brasil, em especial na TV aberta.

"O brasileiro tem essa coisa de não gostar muito da arrogância do mais forte. Quando o Brasil sai da Copa, por exemplo, a gente não torce para a Argentina, Itália ou Alemanha, mas para a Nigéria, Arábia Saudita, Japão...", exemplifica.

Em vez dos gritos, ele prefere comentários sarcásticos, que também desestabilizam os concorrentes. "Se eu tentasse fazer de outra forma, soaria falso."

CHEF CONECTADO

Com mais de 60 mil seguidores no Twitter, o chef costuma interagir diretamente com os espectadores e publicar memes e imagens dos bastidores do "Cozinha".

Não é por acaso. Em uma parceria do SBT com a rede social, Bertolazzi recebeu consultoria da área de entretenimento da empresa para fazer com que seus tuites bombem na rede e aumentem a repercussão da atração.

Até a semifinal desta temporada, exibida no último dia 11, foram mais de 5,7 milhões de impressões de tuites (quantidade de vezes em que os posts foram visualizados) sobre o assunto durante o horário de transmissão. Já o número de seguidores da conta oficial da atração cresceu 283% no decorrer da edição, de acordo com dados divulgados pelo Twitter.

Segundo ele, a união de duas coisas que muita gente adora —realities e comida— ajuda a explicar a popularização dos programas culinários nas redes sociais.

"As pessoas usam muito a internet como símbolo de status, e de uma certa maneira a gastronomia é um símbolo de status mais barato. Aí você une numa coisa só a gastronomia, que é uma coisa que repercute na rede, e o reality show, a tendência é explodir", avalia.

A final do "Cozinha Sob Pressão" vai ao ar neste sábado (18), a partir das 21h30. Filipe Santos, 35, e Hugo Grassi, 28, disputarão o prêmio de R$ 100 mil em barras de ouro e uma viagem de 20 dias para Nova York (EUA).

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