Televisão

Criador de Mad Men explica o final da série: 'É o melhor anúncio já feito'

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

ATENÇÃO: SEGUEM SPOILERS DO ÚLTIMO EPISÓDIO DE 'MAD MEN'

Matthew Weiner, criador da série "Mad Men", que terminou no último domingo (17), participou de um evento em uma biblioteca de Nova York para falar sobre o desfecho da história.

Antes dele, John Hamm, ator que vive o protagonista Don Draper na série, também comentou o final.

A última cena de "Mad Men" é um anúncio. Corta de um close no rosto do protagonista Don Draper (Jon Hamm), meditando em uma espécie de retiro espiritual na Califórnia para uma célebre campanha da Coca-Cola nos EUA, de 1971, em que atores dizem que querem dividir o refrigerante com o mundo.


Fica implícito que Don teria criado o anúncio, saindo do retiro inspirado pelo momento e retornando à agência. "Ele percebe quem ele é. E quem ele é é um publicitário", explicou Hamm ao "New York Times".

Agora, Matthew Weiner confirmou que Don cria, de fato, o anúncio da Coca-Cola. "No abstrato, eu pensei, por que não terminar o programa com o melhor anúncio já feito? Em termos do que ele significa para as pessoas e tudo mais, não fui ambíguo só por ser ambíguo", comentou.

"Ouvi algumas pessoas falando que o anúncio é brega. É um pouco perturbador para mim, esse cinismo. Não estou dizendo que o anúncio não seja brega, mas que as pessoas que acham o anúncio brega provavelmente estão vendo a vida por esse prisma, e perdendo algo com isso", disse Weiner.

"Cinco anos antes daquilo, pessoas brancas e negras nem podiam estar no mesmo anúncio juntas! E a ideia de que alguém em um estado iluminado pode ter criado algo que é muito puro —sim, tem refrigerante ali no meio de um sentimento bom, mas esse anúncio para mim é o melhor anúncio já feito, e vem de um lugar bom", completou.


Weiner também comentou outra cena do final, quando Don Draper, no mesmo retiro, participa de uma sessão de terapia e ouve um homem chamado Leonard falar. Leonard, que é o típico trabalhador de colarinho branco do fim dos anos 1960, desabafa sobre se sentir sozinho e rejeitado pela sua família e amigos.

Em um momento impactante para o enredo, já que Don Draper era um personagem fechado que raramente mostrava suas emoções, ele se identifica com Leonard, o abraça e chora junto com ele.

Para Matthew Weiner, Leonard é "provavelmente o papel mais importante de toda a série". "A palavra 'deprimido' não era parte do vocabulário, só para médicos, e homens com certeza não expressavam seus sentimentos fora de brigas de bar", disse. Leonard representa o homem médio da época, segundo o criador de "Mad Men".

"Espero que o público tenha sentido [com o abraço] que [Don] estava abraçando uma parte dele mesmo, ou talvez até o próprio público, e que eles foram ouvidos".


Weiner não tinha os finais de todos os personagens definidos como o de Don, que estava pronto há anos. O beijo que sela o desenlace romântico da amizade de Peggy e Stan, por exemplo, não estava planejado. "Eu não sabia se eles iam terminar juntos. Isso tinha que ser provado para mim", disse.

Alguns finais, como o de Joan, chegaram a surpreender Weiner. "Achei que Joan ia passar pelo aborto", disse em referência à decisão, tomada nas temporadas anteriores, de Joan ser mãe.

"Eu não achei que Joan ia terminar sendo essa feminista mãe solteira, lutando para cuidar do filho. Eu amo o fato de que não é uma escolha teórica para ela. Não estou diminuindo o feminismo teórico, mas estou dizendo que essa mulher tomou uma decisão prática de não aguentar mais merda de ninguém... Ela ama o trabalho dela biologicamente", disse, atribuindo à atuação de Christina Hendricks o destino da personagem.

Por último, o autor comentou o título do episódio, "Person to Person", que faz referência a uma ligação telefônica. No final, Don liga para três mulheres —Betty, sua ex-mulher, Peggy, sua colega, e Sally, sua filha.

As confissões de amor de Stan e Peggy também são feitas pelo telefone. Além disso, Joan termina seu caso com o "sugar daddy" Richard com o telefone tocando ao fundo, provavelmente porque alguém do trabalho estava chamando —é um símbolo de ela voltando a trabalhar e rejeitando ser sustentada por um homem, que é o que Richard queria para o casal.

"Muitas coisas importantes da minha vida aconteceram pelo telefone", comentou Weiner. "É uma situação dramática quase todas as vezes que alguém atende o telefone".

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas Notícias