Televisão

Novela 'Império' estreia amanhã com nova versão de 'bicha má'

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Paulo Betti diz que ator dedicado segura até fio desencapado pelo bem de um personagem. No seu caso mais recente, o choque incluiu um "botox capilar", espécie de hidratação e alisamento, e acupuntura facial.

Betti se entregou ao mundo da estética para interpretar Téo Pereira, "bicha má" de "Império", novela de Aguinaldo Silva que a Globo exibirá às 21h a partir desta segunda-feira (21).

Téo é um blogueiro que escreve sobre celebridades e, principalmente, subcelebridades, afinal, essas "dão mais cliques". É fofoqueiro e ressentido, segundo o ator.

"Trabalha sozinho num apartamentinho onde toma uns gorós de vez em quando. Fica paquerando fortões pela janela. É muito trash", diz.

Betti conta que sentiu o tipo do personagem ao ler uma das primeiras falas. Havia um "quereeeeeeda" no meio do caminho. Ele entendeu aquilo como uma indicação para caprichar na afetação.

Difícil evitar a sensação de "já vi essa novela". Félix (Mateus Solano), de "Amor à Vida" (2013), escrita por Walcyr Carrasco, e Crô (Marcelo Serrado), de "Fina Estampa", também de Aguinaldo Silva, são dois exemplos recentes de similares de Téo.

"Não creio que seja repetitivo. Cada ator imprime uma característica diferente ao seu personagem", defende Betti.

Crédito: Paula Giolito/Folhapress O ator Paulo Betti, no Alto da Boa Vista, no Rio
O ator Paulo Betti, no Alto da Boa Vista, no Rio

Já Aguinaldo Silva, o criador, desconversa. "Téo tem uma ironia ácida. É ao mesmo tempo engraçado, curioso e maldoso. As pessoas vão gostar", afirmou à Folha.

Para dar vida ao blogueiro, Betti usou um livro do próprio Silva, "Lábios que Beijei" (editora Siciliano, 1992), que tem referências sobre a infância do autor em Sorocaba, onde eram apresentadas versões de clássicos de Shakespeare com todos os personagens gays.

O ator inspirou-se até na "bichinha" das piadas do humorista Costinha (1923-1995).

Ao mesmo tempo que considera o personagem "estimulante", Betti diz esperar uma rejeição do público homossexual. "Não sei se será do agrado dos gays. Podem preferir alguém menos desbundado. Talvez, para a causa, fosse mais adequado um personagem sem tantos maneirismos", afirma. Mas ressalva: Aguinaldo Silva entende desse universo.

"Quando escrevo um personagem sempre procuro torná-lo o mais interessante possível. Se o público vai gostar ou não, é sempre uma surpresa", diz Silva.

CARICATURAS

O autor criou Téo e outros três personagens gays de importância: Cláudio Bolgari (José Mayer), que trata sua homossexualidade como segredo, Xana Summer (Ailton Graça), cabeleireiro de bairro que usa acessórios femininos, e Leonardo de Sousa (Klebber Toledo), aspirante a ator, jovem e bonitão.

Sobre a escolha de tipos que parecem mais caricaturais, Silva afirma que funcionam como um espelho do que acontece na vida real. "Pode parecer clichê, mas não é. A dramaturgia reflete muito a nossa sociedade."

Téo Pereira, o personagem de Betti, deve marcar pelos maneirismos, mas também pela alma patrulheira. "É um vilão que não se considera mau. Ele acredita que está fazendo um bem à sociedade."

Uma de suas principais vítimas será o personagem de José Mayer, o "enrustido que não solta a franga" e, por isso, será perseguido.

Parte da preparação de Betti para o papel ocorreu em contato com blogueiros. Também leu "Tratado Geral sobre a Fofoca", do psiquiatra José Ângelo Gaiarsa (1920-2010).

"A fofoca é um policial do status quo. Tudo que saia do quadradinho, do caretinha, ela quer enquadrar. É a favor da coerção", diz Betti.

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas Notícias