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Onda de protestos e crimes em SP eleva audiência de programas como "Cidade Alerta"

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Os últimos picos de audiência atingidos pelo programa "Cidade Alerta", da Record, atestam uma velha máxima sobre o fazer midiático: a de que violência e ibope andam de mãos dadas.

O programa bateu os 13 pontos e neste patamar se manteve, no calor da pancadaria que se espalhou pelas ruas de São Paulo na última quinta, durante os protestos do Movimento Passe Livre. Enquanto a passeata fluía sem incidentes (até as 19h10), a audiência oscilava em torno dos 9 pontos.

O "Cidade Alerta" vem numa curva ascendente. Quando Marcelo Rezende, 58, estreou no comando da atração, o ibope girava na vizinhança dos 6 pontos. Hoje, um ano depois, o jornalístico crava 9.

Crédito: Eduardo Knapp/Folhapress O apresentador Marcelo Rezende, 61, do "Cidade Alerta"
O apresentador Marcelo Rezende, 61, do "Cidade Alerta"

O concorrente "Brasil Urgente", da Band, registrava média de 7 pontos antes da escalação de Rezende para o "Alerta". Estacionou nos 4.

Publicidade nunca foi o forte desses programas. Ainda assim, Rezende conta que o número de anunciantes cresceu. "Antes, tínhamos três propagandas em cada 'break'. Agora são seis, a maioria para donas de casa." Ele afirma que o seu público inclui as classes A, B e C.

Mas Rezende concorda que expor crianças a seu programa não é o ideal. "Uma avó comentou que seu neto de três anos adorava quando eu falava 'corta' para o câmera. Eu brinquei: 'Tem que botar ele para ver 'Carrossel'."

E em que medida a alta de índices de violência na Grande São Paulo, como o de latrocínios (74% no primeiro quadrimestre), explica o quadro? Para José Luiz Datena, 56, do "Urgente", "é evidente que, com bombas explodindo, a audiência vai subir".

Crédito: Flavio Florido/UOL O apresentador José Luiz Datena, 56, do "Brasil Urgente"
O apresentador José Luiz Datena, 56, do "Brasil Urgente"

Às acusações de exploração da violência ou à menção da expressão "mundo-cão", os dois reagem veementemente. Datena admite que a cobertura de polícia ocupa o grosso de seu programa, mas devolve: "Proporcionalmente, a do 'Jornal Nacional' também". E provoca: "Novela não é violência?".

Rezende, que defende no ar a ideia de que brasileiros parem de pagar impostos, atribui o sucesso ao fato de que "as pessoas se sentem representadas". "Trazemos uma reflexão sobre cidadania e segurança, algo que nem nas escolas é discutido."

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