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Amora Mautner, codiretora de 'Avenida Brasil', incendeia set da novela

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No set da novela "Avenida Brasil", a diretora Amora Mautner repassa o texto com os atores antes da gravação.

Em cena, Tufão (Murilo Benício) reúne-se com a família em torno da mesa de jantar. De pé, Amora elabora a sua "acústica do subúrbio", que consiste em sobrepor falas espontâneas ao texto original.

Cria-se o tumulto, uma confusão de diálogos que foge ao padrão das novelas da Globo. A diretora incentiva a bagunça. Imita a entonação do personagem de Benício. Sugere tiradas. Ri com improvisos, os chamados "cacos", que surgem em profusão.

A repercussão de "Avenida Brasil" pôs em evidência o trabalho de Amora Mautner, 37, responsável pelas cenas com Tufão e sua família, núcleo principal da trama de João Emanuel Carneiro.


José Luiz Villamarim dirige as demais gravações, e cada capítulo passa pela aprovação do coordenador geral Ricardo Waddington.

"Mexer em texto de autor é uma coisa perigosa. Mas tive o aval do João Emanuel. Foi uma ideia que busquei em filmes do [Frank] Capra e na 'Família Soprano'. São produções com uma acústica diferente", diz. Ela considera Tufão um "Tony Soprano bom", citando o protagonista do premiado seriado americano sobre uma família da máfia.

Filha do compositor e escritor Jorge Mautner e da historiadora Ruth Mendes, Amora cresceu profissionalmente dentro da TV Globo. Há 19 anos trabalha na área de dramaturgia da emissora.

"Meus pais são intelectuais. Já eu sempre tive um olhar voltado para a estética que acabou me aproximando da direção."

EX-ATRIZ

Na adolescência, ela chegou a se arriscar como atriz em "Vamp" (1991), experiência que prefere esquecer. Atrás das câmeras, já soma 15 novelas, dez como diretora.

Seu nome aparecia em projetos bem-sucedidos como "Celebridade" (2003), de Gilberto Braga, e "Cordel Encantado" (2011), de Duca Rachid e Thelma Guedes. "Sempre fui ambiciosa. Quando comecei, queria criar algo diferente do que era feito na Globo."

A voz rouca de Amora se impõe no estúdio. É uma mulher agitada."Dirijo de maneira muito intensa, para o bem e para o mal. Não sou uma pessoa 'cool' nem tranquila. É um set que pega fogo. Acho isso bom. Ao menos, tem dado certo até agora."

Amiga de infância, Preta Gil é uma boa referência para situar a energia de Amora. "Ela é um pouquinho mais atacada do que eu. Sou mais calma", avalia a cantora, filha de Gilberto Gil, que comanda até bloco de carnaval.

Vaidosa, a consumista Amora evita ostentar. Tem problemas, por exemplo, com bolsas de marca. "Se compro uma Chanel, quero que venha com o símbolo aparecendo bem. Já ela, não. Quer uma que não apareça o nome da grife", explica Preta.

Amora chega ao Projac (a central de produção das novelas globais), na zona oeste do Rio, com uma bolsa Balenciaga de couro surrado. De segunda a sexta, ela coordena a ação no estúdio de "Avenida Brasil" das 13h às 21h.

O tempo restante, dedica a Júlia, 6, sua filha com o ator e ex-marido Marcos Palmeira. Enquanto a mãe está longe de casa, os avós aproveitam. "Costumo ver a Júlia todos os dias. Com quatro anos, ela aprendeu a rimar. Lembra muito a Amora, uma explosão contínua de criatividade", elogia Jorge Mautner.

Nos bastidores, ela imita os personagens. Identifica-se com Carminha, a vilã criada por Adriana Esteves. "Queria ser boa como o Tufão. Só que sou mais Carminha: ela tem humor, raiva, mantém o controle e, ao mesmo tempo, se descontrola."

Ao longo do ensaio, Amora seleciona os melhores improvisos. "A Nina disse que na França tem o melhor curso de culinária do mundo. Como é mesmo o nome, Nina?", pergunta a atriz-mirim Ana Karolina Lannes, a Ágata.

"Cordon Bleu", responde Débora Falabella, a Nina, citando a escola parisiense de gastronomia. A pronúncia da atriz desencadeia os cacos.

"Candomblé?", diz Adriana Esteves, aos risos. Amora se entusiasma e direciona o comentário: "Isso! Candomblé, Adauto!". Além de trocar Cordon Bleu por candomblé, o ator Juliano Cazarré, o Adauto, balança as mãos sobre a cabeça como se estivesse incorporando um Orixá.

Murilo Benício conclui: "Tá a fim de aprender macumba, Nina? Candomblé?". Amora se diverte. Agora está pronta para gravar.


RAIO-X AMORA MAUTNER

VIDA
Filha do cantor e compositor Jorge Mautner, nasceu no Rio, tem 37 anos e foi casada com o ator Marcos Palmeira, com quem tem uma filha

CARREIRA
É a diretora de "Avenida Brasil". Começou como assistente de direção, aos 19 anos. Passou a ser diretora em "O Cravo e a Rosa" (2000). Dirigiu também "Celebridade" (2003), "Paraíso Tropical" (2007), "Cama de Gato" (2009) e "Cordel Encantado" (2011), além das minisséries "Mad Maria" (2005) e "JK" (2006) e episódios de "As Cariocas" (2010)

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