Saiu no NP

Mulher dá à luz um jacaré em Goiás

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A temática de fenômenos estranhos, como "Bebê-Diabo", "Bebê-Sereia", "Cobra Gigante", "Loira Fantasma", "Monstro da Billings", sempre despertou a curiosidade dos leitores e foi destaque no "Notícias Populares".

Nesta semana, o "Saiu no NP" resgata um horrível fenômeno que abalou a cidade de Jaupaci, no interior de Goiás. No dia 22 de outubro de 1970, uma mulher da roça, dona Jandira Batista da Silva, casada com o lavrador José Henrique Gomes de Sousa, deu à luz a uma criança deformada, com todas as aparências de um réptil (saurio).

"Mulher deu à luz um jacaré" foi a manchete publicada no "Notícias Populares" em 5 de novembro de 1970, que trouxe a descrição do correspondente do jornal sobre o curioso fato que provocou alvoroço na região.

Crédito: Folhapress
Em 5 de novembro de 1970, a história da mulher que deu à luz um jacaré foi destaque no "Notícias Populares"

Quando dona Jandira passou a sentir os primeiros sintomas do parto, a parteira dona Maria Isabel Pereira da Silva, chamada às pressas, ditou-lhe a seguinte receita: "Chá de canela, pinga, chá de pimenta do reino e café amargo".

No dia 21 de outubro de 1970, a mulher da roça passou muito bem sob o efeito da receita recomendada. Só que, por volta de 1h do dia 22, a criança veio à luz.

Como não encontraram na hora do parte Maria Isabel, a família chamou outra conhecida, dona Antonieta Lopes da Silva. Quando terminou o trabalho, a parteira disse que estava com "tonteira". É que a criança deformada causara-lhe até desespero, pois nasceu sem narinas, sem orelhas, hermafrodita e com todo o corpo riscado, como se houvesse sido retalhado com uma faca.

No dia 23 de outubro, começaram a chegar levas de roceiros, vizinhos, homens, mulheres e crianças, espantados com o fenômeno. Os boatos foram levados, aos poucos, a todas as cidades próximas, e formaram-se até filas para ver a criança fenômeno.

Crédito: Folhapress
Com relatos de parteiras, médicos e pais da criança, o "NP" contou a história ocorrida em Jaupaci, no interior de Goiás

O choro do bebê apavorava a todos. Alimentado com leite de gado e sem nenhuma ação dos pais para procurar um centro médico, o bebê não resistiu e morreu cinco dias depois. Sua fama, entretanto, tinha atraído mais de 5.000 pessoas, que rodeavam a casa e foram responsáveis por feita verdadeira procissão.

Após insistências, os pais decidiram levar o corpo da criança até a cidade de São Luís de Montes Belos, onde o doutor Geraldo Landó, do Hospital Santa Lúcia, fez todos os exames e atestou que o bebê, durante a gestação, tivera a "doença de tatu", como se costumava chamar a enfermidade conhecida por "Meleda". "É um caso raro, em 1 milhão pode ocorrer um. Trata-se de um vírus desconhecido que penetra no ovário, fazendo deformar o feto, chamado de 'Ictiose fetal'", afirmou o médico.

Jandira, a mãe da criança, afirmou que se queixava de que sentia muita tontura e que, para ela, a criança não era normal, mas seu marido dizia: "Você está é com moleza, danada".

A parteira Maria Isabel arriscou um veredicto: "Isso é um castigo de Deus. Já peguei 159 crianças, e, pela primeira vez, apareceu uma nessas condições. Só temos médicos daqui a 80 quilômetros. Somente eu faço receita para moradores. Em todos os partos, eles me chamam porque confiam no meu trabalho".

Já Antonieta, que fez o parto, disse que a criança parecia um animal: "Isso para mim é anúncio de alguma coisa ruim", afirmou.

Diante de fatos como este e histórias propagadas e transformadas até em lendas urbanas, o "Notícias Populares" fazia o papel de prestador de serviço ao destacar fatos importantes em regiões precárias que necessitavam de informações e estruturas na saúde.

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