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NP desnuda os melhores profissionais no sexo

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Qual profissão é melhor de cama?

O "Notícias Populares" tratou de responder a essa questão em junho de 1996, quando publicou uma série de reportagens com base numa pesquisa nacional sobre o comportamento sexual dos brasileiros.

A pesquisa, realizada pelo Instituto Datafolha, sob encomenda da Central Geral dos Trabalhadores, foi realizada em sete capitais com 3.644 homens e mulheres, com o objetivo de estudar os hábitos sexuais de cinco categorias: transporte, metalurgia, construção civil, saúde e processamento de dados.

Crédito: Folhapress
Em 24 de junho de 96, "Notícias Populares" anuncia na capa a série de reportagens relacionadas à pesquisa sobre sexo

Com o patrocínio do PNDSTs-Aids, do Ministério da Saúde, a pesquisa buscou responder à pergunta com base em dois pontos: 1) infidelidade conjugal e 2) conhecimento sobre Aids e riscos de contrair doenças sexualmente transmissíveis.

A série do "Notícias Populares" foi publicada durante cinco dias, um para cada categoria. E a ordem de aparição dos ramos profissionais foi adotada com base no índice de infidelidade conjugal.

Crédito: Folhapress
Infográfico do "Notícias Populares" mostra o ranking dos profissionais que mais traem na relação

Assim, em 24 de junho de 1996, no mesmo dia em que divulgava a morte do empresário Paulo Cesar Farias com destaque na capa, o jornal abriu a série com o título "Motoristas de buso são os campeões da traição" e mostrou que 28% dos motoristas de ônibus, cobradores, pilotos de avião e comissários de bordo admitiram ter relações extraconjugais.

O segundo lugar no ranking da infidelidade ficou com os operários da construção civil, com índice de 27%. Em terceiro, vieram os metalúrgicos, com 21%, seguidos do "pessoal que trampava com computador", com 15%. Os profissionais que menos cornearam a mulher/o homem foram os da saúde, com 12%.

A traição chegava a ser tão presente no cotidiano dos trabalhadores da área de transporte que até gírias foram criadas. E o "Notícias Populares" publicou algumas delas, como pé-de-cabra (passageira que virava amante) produto convencional (amante), pé-de-bode (passageiro que se tornava amante) e buscar a boa (última viagem do dia, antes de pegar a amante).

AVENTUREIROS
No segundo dia de reportagens sobre a pesquisa, ainda com a morte do tesoureiro da campanha de Fernando Collor à Presidência na capa, o texto "Peões de obra são os aventureiros do sexo" revelou que 50% dos profissionais da construção civil se arriscavam em relações sexuais sem camisinha.

A página ainda trouxe depoimentos que mostravam desconhecimento de entrevistados sobre como se contraía o vírus da Aids. Um exemplo foi o pedreiro A.R., então com 44 anos, que dizia não se prevenir nas relações extraconjugais. "Sou casado há 28 anos e nem sempre fui fiel. Nessas escapadinhas, não usava camisinha. Com minha esposa não preciso usar, porque ela ligou as trompas [operação para não engravidar]. Quem faz essa cirurgia não passa Aids."

Com amplo preconceito na construção civil de que a Aids era contraída apenas em sexo com prostitutas ou que gays pegavam a doença com mais facilidade, a página destinada a falar do sexo na categoria mostrou-se, assim como na abertura da série, mais uma aula sobre as formas de prevenção da Aids e como se poderia pegar a doença. Trouxe inclusive um depoimento de um pedreiro, E.S.S., então com 28 anos, que, após a contrair o vírus, tentou se matar, foi descriminado na família e no trabalho. "Qualquer um que não se cuide pode pegar Aids. Não é doença de gays, senão eu não estaria contaminado."

A pesquisa com metalúrgicos foi outra que revelou mais preconceitos e desconhecimento em relação à Aids. Em "Peão acha que não pega Aids", o "Notícias Populares" repetia no dia 26 de junho a fórmula do dia anterior, com informações sobre locais em que eram realizados testes de Aids grátis e o depoimento de quem tinha a doença. O metalúrgico A.B., então com 24 anos, chegou a perguntar à reportagem do jornal: "Minha namorada é virgem, então sei que dela eu não pego o vírus. Mas será que posso passar para ela?".

FIEIS
No capítulo mais curto da série sobre os hábitos sexuais, no penúltimo da pesquisa, o jornal contou que os trabalhadores da saúde eram os mais fieis na cama, com apenas 12% de "puladores de cerca". A fidelidade, porém, mostrava um fator preocupante, já que 62% dos médicos, enfermeiros e demais profissionais da saúde disseram não usar camisinha por confiar no parceiro/na parceira.

Nesse dia, a reportagem também trouxe frases de infectados, que evidenciaram o preconceito sofrido pelos portadores do vírus da Aids. "As minhas cunhadas não deixam as crianças chegarem perto de mim", disse o oficial administrativo de hospital H.S.A., então com 29 anos, que admitiu que sua mãe até fervia as roupas dele antes de lavá-las e desinfetava tudo o que ele tocava.


A série "Sexo nas Profissões" foi encerrada em 28 de junho de 1996, sexta-feira, com a "turma do computador". Com o título "Digitador faz tudo certinho", o texto destacou o fato de que os trabalhadores do processamento de dados eram os que mais faziam uso da camisinha e que eram o segundo mais fiel, com 15% de puladores de cerca.

Em relação ao uso do preservativo, a adesão atingia 37% dos entrevistados e os que não lançavam mão dele alegavam, em sua maioria, confiança no parceiro/na parceira e fidelidade à relação. A reportagem também foi acompanhada de um tira-dúvidas sobre Aids e melhores formas de se prevenir contra a doença.

Essa pesquisa foi realizada há 19 anos. E, para você, leitor, qual o melhor profissional no sexo?

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