Saiu no NP

'NP' penetrou nos anais da pornografia

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"Atenção, leitor: se você quiser fazer na vida real o que os filmes de anal mostram, lembre-se de que, no sexo, só é bom aquilo que os dois parceiros estão a fim. A transa anal pode ser muito dolorosa. Se a sua gata disser não, é não e pronto. Nada de tentar fazer na marra."

A advertência acima faz parte do Guia do Cinema Erótico, uma publicação de dez fascículos, lançada em 6 de abril de 1994 pelo jornal "Notícias Populares". Agora, na seção "Saiu no NP", você acompanha o que de mais engraçado e bizarro rolou neste especial, focado boa parte no divergente, e às vezes polêmico, sexo anal.

O primeiro capítulo da saga pornográfica trouxe estampado em sua capa: "É campeão - Filmes de sexo anal dominam locadoras". O encarte reuniu uma seleção de filmes pornôs sobre esse tipo de penetração, disponíveis nas locadoras.

Com os filmes, uma pequena descrição de seu conteúdo, além de uma nota de avaliação (bom, ótimo e espetacular). Os destaques, notas máximas, foram "Entre as Bochechas" (EUA-1985), com a atriz Ginger Lynn, "que traz a primeira cena de dupla penetração num único órgão da história do cinema", de acordo com o "NP", e "Juranal Park", que mostrava uma Terra habitada pelos terríveis Penissauros, criaturas compridas que viviam no Parque das Delícias Anais –nele, as atrizes eram 'devoradas' pelas criaturas.

Crédito: Folhapress
A estrela pornô Melanie Moore e o seu empinado bumbum

Para encerrar o primeiro episódio, o jornal discutiu o tema com celebridades:

"Acho muito gostoso fazer sexo anal, desde que não seja no meu!"
Juca Chaves, músico e humorista.

"Não é minha preferência, mas não tenho nada contra. Se você está a fim e a pessoa com quem você está transando também..."
Wando, músico, morto em 2012.

O guia de número 2 foi dedicado à atriz pornô americana Melanie Moore, considerada a "rainha" dos filmes anais. A moça contou que levava uma "vidinha sem graça" e que era feia para os meninos de sua época de infância. As habilidades que lhe renderam o título real surgiram aos 15 anos de idade, segundo ela própria, quando iniciou sua vida sexual pela "porta dos fundos", pois esperava perder a virgindade só no casamento.

Entre as películas protagonizadas pela musa estão "Proposta Indecorosa" e "Apocalipse Anal". Pode parecer piada, mas os nomes são paródias de clássicos do cinema, no caso "Proposta Indecente" (1993) e "Apocalipse Now" (1979). E como paródia era algo forte no "Notícias Populares", a mesma edição trouxe uma lista desses filmes, dentre os quais também destacamos "A Testemunha Anal" ("A Testemunha Ocular" - 1992) e "Juranal Park" ("Jurassic Park" - 1993).

O terceiro fascículo do "Guia do Cinema Erótico" foi sobre outra "queridinha" dos marmanjos, Nikki Dial. Chamada de "linda como um anjo" pelo jornal e de "gostosa demais" por João Gordo –vocalista do "Ratos de Porão"–, a garota, que na época tinha 20 anos, "deixou de servir comida para ser o prato principal de vários clássicos pornôs", segundo o diário –"Picknikki Anal", "Elvis fez comigo" e "Explore Nikki" são alguns deles.

"Cicciolina - A deputada que faz dupla penetração" dividiu com Linda Lovelace as atenções da quarta edição do especial.

Húngara nacionalizada italiana, Cicciolina, a mais famosa do cinema pornográfico, ficou conhecida por suas atuações em "A Imperatriz do Sexo", "Jogos Eróticos", "Mundial da Cicciolina" e "Os 38 Centímetros do Sr. Holmes".

Crédito: Folhapress
A atriz húngaro-italiana Cicciolina, que se tornou a mais famosa estrela do cinema pornô

Em 1987, a atriz foi eleita deputada com mais de 20 mil votos. Após o feito, ela disse a seguinte frase, ao vivo na TV, que ficou para os anais (sem trocadilho) da política daquele país: "Meu maior desejo agora, se eu pudesse, era trepar loucamente com cada um dos caras que votaram em mim", lembrou o "NP". Sem dúvida, esse devia ser o sonho de boa parte de seus eleitores.

Já Linda Lovelace, a outra estrela da publicação do dia 9 de abril de 1994, protagonizou um dos filmes mais conhecidos pelos fãs de filmes eróticos: "Garganta Profunda" (1972). Anos depois ela processou o diretor Gerard Damiano, segundo ela, por ter sido forçada a fazer sexo oral nos atores, e o seu ex-marido, também acusado de a ter coagido. Após isso, ela ficou conhecida como defensora da antipornografia, lançando, inclusive, uma autobiografia.

O quinto capítulo do manual trazia Savanna, a "tarada dos roqueiros". A bela, que protagonizou filmes como "Na Cama com Savanna", "Tratamento Intensivo" e "Penetrando na Fada Madrinha", "traçava" todos os roqueiros que cruzavam o seu caminho. Entre eles Billy Idol, com quem ela afirma ter transado seis vezes em uma noite, e Axel Rose, vocalista do Guns & Roses, chamado de "um dos piores amantes do mundo".

Sem o mesmo fôlego dos capítulos anteriores, o número 6 do guia trouxe os chamados "filmaços do arco da velha": "O Diabo na Carne de Miss Jones", "Atrás da Porta Verde" e o já citado "Garganta Profunda" subiram ao pódio do "NP" como ícones dos "anos de ouro" do sexo explícito, juntamente com o considerado "filme pornô mais antigo do mundo", "Vovó era Phoda", que diz ter cenas gravadas em 1916.

Ainda no episódio meia dúzia da saga sexual, o jornal trazia o primeiro filme brasileiro de sexo explícito a ser exibido no cinema, "Coisas Eróticas" (1981), que foi filmado na região da "Boca do Lixo" do centro de São Paulo e levou mais de quatro milhões de espectadores às salas.

Mas, se o primeiro pornô explícito do Brasil foi gravado somente na década de 80, qual era o produto nacional anterior a ele? A edição 7 apresentou a resposta a esta questão: a pornochanchada!

O gênero era uma espécie de comédia com sacanagem, sem cenas explícitas, no qual o humor acabava sobressaindo. Muitos atores e atrizes que fizeram sucesso na TV aberta gravaram pornochanchada, como Reginaldo Farias ("Os Paqueras" - 1969), Vera Fischer ("A Super Fêmea" - 1973) e Nuno Leal Maia ("O Bem Dotado, o Homem de Itu" - 1978).

No oitavo e antepenúltimo "Guia do Cinema Erótico", o "Notícias Populares" resgatou mais uma enxurrada de pornôs que parodiam, inclusive, filmes de Hollywood, como "O Exterminador Erótico" ("O Exterminador do Futuro" - 1984), "Psicose Anal" ("Psicose" - 1960), "Perfume de Tarada" ("Perfume de Mulher" - 1992), "Sexodomia de Polícia" ("Loucademia de Polícia" - 1984) e "O Silêncio dos Indecentes" ("O Silêncio dos Inocentes" - 1991).

Lançado como um extra, o fascículo 9 tratou das "novas modas da época", como os longas "gang-bang", que, de acordo com o "NP", eram "a bola da vez" após o estouro do anal (expressão quase sem duplo sentido). Nesses filmes, as cenas eram recheadas de muitas pessoas transando ao mesmo tempo, como em "18 Homens e Uma Mulher".

A décima e derradeira parte do especial, já sem a inspiração de seus antecessores, abordou "a nova safra do sexo anal". "Dilúvio do Prazer", "Extravagâncias Anais à Italiana 3" e "Aventura Erótica" eram tão recentes que, para o jornal, "dava para sentir o cheiro das transas". Para nós, reles mortais, hoje só nos resta pesquisar muito por aí para encontrar algumas dessas raridades trazidas pelo "Saiu no NP".


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