Saiu no NP

'Cantor do Nirvana se mata com um tiro', destacou o 'NP', há 20 anos

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No dia 9 de abril de 1994, há 20 anos, o jornal "Notícias Populares" estampava uma trágica notícia em sua primeira página: "Cantor do Nirvana se mata com um tiro". A seção "Saiu no NP" desta quarta-feira relembra momentos da curta, porém meteórica, trajetória de Kurt Cobain, líder da lendária banda grunge de Seattle (EUA), que se suicidou aos 27 anos.


O aniversário da morte do vocalista e guitarrista do Nirvana foi em 5 de abril, mas a data de hoje é lembrada por ter sido o dia em que boa parte dos fãs do conjunto de rock souberam do paradeiro do músico, na época desaparecido havia seis dias.

Para entender um pouco do que ele e sua banda representavam, e ainda representam, voltamos para o ano de 1991, precisamente no mês de maio, quando Kurt (vocal e guitarra), Krist Novoselic (baixo) e Dave Grohl (bateria) gravaram a canção "Smells Like Teen Spirit", do segundo disco do trio, "Nevermind".

O sucesso foi enorme, principalmente após a divulgação de seu videoclipe. A música levou o movimento grunge ao "mainstream" e, juntamente com outras bandas, como Soundgarden e Pearl Jam –com os álbuns "Badmotorfinger" e "Ten", respectivamente– renovaram a cena musical, considerada à época estagnada.

Crédito: Pisco Del Gaiso - 16.jan.1993/Folhapress
O vocalista Kurt Cobain canta e toca guitarra na única passagem da banda Nirvana pelo Brasil, em 1993...

Crédito: Paulo Giandalia - 16.jan.93/Folhapress
(...) em show do Hollywood Rock, realizado em São Paulo, onde foi beijado pelo baixista Chris Novoselic...

A ascensão foi rápida demais, o dinheiro era alto, a agenda estava abarrotada de shows e a vida pessoal do tímido garoto estava escancarada à mídia e ao público. Os problemas de seu conturbado relacionamento com Courtney Love –vocalista da banda Hole– e o uso contínuo de drogas atormentavam sua vida.

Em janeiro de 1993, em uma de suas turnês, o Nirvana desembarcou no Brasil para uma série de apresentações. O "NP", com seu cover do Raul Seixas como enviado especial, cobriu bastidores e shows do festival Hollywood Rock, realizado no estádio do Morumbi, em SP, e que contou com vários grupos como Red Hot Chili Peppers, Alice in Chains e L7.

No dia 16, cerca de 110 mil pessoas aguardavam pelo trio de Seattle, quando João Gordo (Ratos de Porão) subiu no palco e anunciou a "maior banda underground de todos os tempos: Nirvana!". Devido ao horário de fechamento do jornal, os leitores só ficaram sabendo da "confusão" causada pelos músicos na edição do dia 18.

Considerada por muitos como uma das mais doidas performances do grupo, e por outros como a pior de todas, naquela noite houve troca de instrumentos entre os integrantes –Cobain foi para a bateria e Dave Grohl pegou o baixo de Krist–, teve Flea (baixista do Red Hot Chili Peppers), que invadiu o palco fazendo um solo de trompete em "Smells Like Teen Spirit", e Kurt errando praticamente tudo que tentava tocar... Como de praxe, o vocalista destruiu instrumentos e aparelhagem de som, além de ter abandonado o palco (logo em seguida foi convencido a voltar devido a questões contratuais).

O "Notícias Populares" não poupou críticas à banda: "O badalado Nirvana foi a grande decepção". Para o diário, as "bundinhas" das roqueiras do L7 foram o destaque da noite (ver galeria de fotos).

Crédito: Reprodução
Policial observa o corpo de Kurt Cobain, líder da banda Nirvana, na casa do músico, em Seattle

O "babado" mesmo, explicado pelo "NP", ocorreu após o show: "Roqueiros gringos caem na noite e aprontam baixaria de montão - Vocal do Nirvana só olha a mulher trocar beijos com a baixista do L7". Na página, a reportagem relatou o longo beijo entre Courtney Love e Jennifer Linch, além da noitada regada a muitas drogas, feita por ela e seu marido, na companhia de Donita Sparks (L7), Flea e João Gordo, que os levou ao Der Temple, na rua Augusta.

A depressão e as drogas ditavam o ritmo de vida de Cobain. Nem sua pequena filha Frances –em 1994, ela tinha dois anos– parecia tirá-lo da tristeza e da dependência química. Após ficar alguns dias desaparecido, veio a trágica notícia de que ele havia dado um tiro em sua cabeça.

No período entre os shows no Brasil e sua morte, o músico ainda gravou o álbum "In Utero" (1993) e o "MTV Unplugged", este último –multiplatinado em vários países– gravado no mesmo ano da apresentação em solo tupiniquim e lançado pós o suicídio, em novembro 1994.

No dias que se seguiram depois da publicação da morte, o "NP" mostrou a tristeza de fãs brasileiros que haviam perdido seu ídolo, relembrou outras mortes trágicas do mundo do rock, coincidentemente aos 27 anos, como as de Jimi Hendrix, Jim Morrisson (The Doors), Janis Joplin e Brian Jones, e revelou o seguinte trecho do bilhete de deixado pelo músico e lido por sua mulher Courtney. "Há anos que não me emociono com nada. É melhor morrer de uma vez do que um pouco a cada dia", despediu-se.


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