'Muitos presos choraram quando fui embora', diz ex-Twister que esteve na cadeia e agora canta no metrô
Fenômeno teen dos anos 2000 e ex-integrante da banda Twister, o músico Sander Mecca chamou atenção nesta semana com vídeos cantando no metrô de São Paulo, que logo viralizaram nas redes sociais.
"Estou muito mais feliz agora", diz o cantor ao relembrar que, na época da fama, "não tinha autonomia". "A gente não escolhia o repertório, não escolhia a roupa e às vezes era até monitorado para responder pergunta".
TOCA RAUL?
Presente todos os dias na linha 2-verde e 1-azul do Metrô paulista, Mecca diz que está fazendo "arte de guerrilha" e que, com isso, conseguiu aumentar acesso às suas músicas no Spotify.
Além da divulgação do seu trabalho na rua, Mecca afirma que, graças "ao chapéu", consegue ganhar "algum dinheiro".
O repertório inclui músicas autorais e de outros compositores e, além do metrô, ele se apresenta em lugares como o Teatro da Rotina e Espaço dos Parlapatões. "Mas não adianta nem me pedir para tocar Raul Seixas", brinca.
'40 GRAUS'
Responsável por hits como "40 Graus", Mecca diz que não consegue não rir quando assiste aos videoclipes do passado e que tem pouco contato com os outros ex-integrantes do Twister.
Dez anos após o fim da banda, em 2013, eles se reuniram para um revival. "Foi só para ver que não é isso que a gente quer", diz. "Não tem nada a ver com o meu trabalho".
CELA COM IRMÃOS CRAVINHOS
Em 2003, o músico foi preso por tráfico de drogas com dez comprimidos de ecstasy e LSD. Encarcerado durante quase dois anos, ele diz ter encontrado na arte seu "ponto de equilíbrio" durante os momentos difíceis. "Tinha meu violão e levava meu jeito alegre de ser, mesmo naquele pesadelo".
"Me dei bem com muitos presos e quando eu fui embora muitos choraram", relembra Mecca, que dividiu cela com os irmãos Cravinhos. "Assim como eu, eles eram caras famosos, mas lá tá todo mundo na mesma merda".
Convidado a dar depoimentos e palestras para jovens sobre dependência química, Mecca avalia as recentes ações do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB). "Sou completamente contra a internação involuntária. A questão de dependência química no Brasil é muito séria e não será solucionada quebrando a cracolândia e prendendo os traficantes de lá, porque os verdadeiros traficantes não estão lá. Não não é uma ação da polícia que vai ajudar.
PRÓXIMOS PASSOS
Mesclando vários os estilos, o cantor diz que pretende terminar seu disco ainda este ano. As músicas, segundo Mecca, são "meio jazz, meio blues, meio rock e MPB".
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