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Axé volta à moda em festas gays e moderninhas

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Gays com cortes de cabelo modernosos dançam. Fashionistas e atores dançam. Roqueiros também dançam. Banida das festas descoladas no passado, a axé-music ganhou status cult na noite paulistana.

No último dia 30, na Funhouse, o público dançava ao som de hits baianos como "A Nova Loira do Tchan", do grupo que consagrou a dançarina Carla Perez, e "O Canto da Cidade", de Daniela Mercury. A casa de rock na Consolação recebia pela primeira vez a festa Lambaeróbica, dedicada ao ritmo.

"No fundo, todo mundo gosta de um axé cafona", diz a DJ Leka Peres, 25, promoter da festa. Ela já discotecava o ritmo no Clube Glória, reduto fashionista da Bela Vista. "É a memória afetiva. A gente que cresceu nos anos 1990 sabe todas as músicas."

Crédito: Alisson Louback/Folhapress
Público se diverte ao som de axé em casa noturna paulistana; ritmo baiano volta a animar as pistas da cidade

Também na Consolação, no clube The Society, canções de Lady Gaga e Britney Spears conviviam com as da Banda Eva na segunda edição da festa Vem Gentchy, no mês passado, organizada pelo DJ Daniel Carvalho, conhecido como Katylene. "É uma vergonha alheia horrorosa, mas o amor é mais forte", dizia o administrador Rafael, 28, que não revelou o sobrenome. "Em tudo o que for axé eu tô dentro!"

Ali perto, o jeitão "underground" do clube A Lôca parecia não combinar com o ensolarado gênero baiano, mas o público não desanimava. A festa semanal JunkieBox, realizada desde 29 de julho, é simpatizante do ritmo. Até o DJ André Pomba, conhecido por seu "set" de rock e pop, arrisca. "Toco de 'zueira'. Mas não é minha praia", diz.

A Balada Mixta, também promovida por Katylene e sócios, mescla pop e axé desde 2009 --uma das prediletas do público, "Milla", de Netinho, transforma em micareta a pista do Estúdio Emme, em Pinheiros.

No mesmo bairro, outra veterana frequentada por gente das artes, a festa Gambiarra, no Open Bar, toca de Margareth Menezes a É o Tchan. "Há pouco, relançamos a Banda Mel e o Terra Samba", conta o DJ Miro Rizzo.

Quando é realizada na The Week, a festa chega a lotar o clube na Lapa, com capacidade para 2.600 pessoas.

Entre o público, o ritmo não é unanimidade. Na The Society, alguns clientes saem da pista. "Não curto, não sabia que aqui tocava", reclamou Adriana Raguza, 26. Na Funhouse, chegam a pedir rock. "Tem gente que acha cafona", reclama a DJ Leka Peres.

Mas os baladeiros estão se acostumando. "No começo, o povo ficava tímido. Agora tem uma 'jogação' maior", observa o DJ Rodrigo Suetake, 30, conhecido como Ginger Hot, que levou axé a boates como Hot Hot e Vegas, na região central. Até hits das bandas indie Phoenix e Hot Chip já dividiram espaço com o ritmo na Squat Party, no Emme. Mas o promoter Leandro Pardí garante: é raro e só rola "por conta de algum DJ mais empolgado".

"Acho massa!", comemora o cantor Netinho. O baiano, que reviveu recentemente hits dos anos 1990 -já fora do seu repertório- em uma festa em Aracaju, afirma que o público aprovou a nostalgia. "Vou manter", diz. Pelo jeito, os DJs de São Paulo também.

Lembra dessa música?
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Banda Eva
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É o Tchan
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Terra Samba
"Carrinho de Mão" é o sucesso da banda formada por integrantes do Gera Samba

As MeninAS
Dono de um hit só, o grupo feminino estourou em 1999 com o grudento "Xibom Bombom"

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