Roberto Losada Pratti, 58, não consegue ficar parado. Se precisa permanecer no mesmo lugar por um tempo --para tirar uma foto para esta reportagem, por exemplo--, pula de um pé para o outro, em marcha.

Corredor amador, o professor de matemática diz não ter ficado um dia sem correr desde 1986.

Nas ruas do Ipiranga, sai cumprimentando todos com um grito "uhul" enquanto se exercita --muitas vezes de terno, quando está correndo pro trabalho, na Uniesp.

É por "uhul" que Pratti é conhecido no bairro da zona sul. É impossível ficar cinco minutos ao lado dele no parque da Independência sem que passe alguém e grite a saudação.

O berro virou sua marca também em maratonas, na Cidade Universitária e nos parques Ibirapuera e Alfredo Volpi. Outras alcunhas acumuladas: Cachorrão e Jesus (por causa do cabelão loiro caído nos ombros).

"Já me acostumei com os apelidos. O que vão dizer? 'Você é louco?' É verdade, não sou normal. O que faço, ninguém faz. Mas o que tem de gente que entrou no atletismo por mim..."

A paixão pela corrida surgiu no fim dos anos 1970, quando Pratti se formou em matemática na USP. Desde então, foi a trote para cidades como Santos e Campinas, inventou a Runyoga (mix de corrida e respirações da técnica indiana) e foi um dos condutores da tocha do Pan-Americano de 2007.

Momento marcante: nos anos 1980, disparou atrás de um ladrão de bicicleta. "Vi o cara com a bike. Derrubei, e todo mundo ficou espantado."

O homem de muitos apelidos tem ressalvas à comparação com Forrest Gump, personagem de Tom Hanks em filme homônimo. "Ele é bobinho perto de mim, né? E só cruzou os EUA.
Já fiz mais de três voltas na Terra!", calcula ele, que jura ter passado a marca dos 120 mil km -média de 12 km por dia desde 1986. Uhul!