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Número de vendedores "porta em porta" de produtos eróticos salta no Brasil

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Se você ainda não entrou em uma loja de produtos eróticos ou teve contato com uma consultora da área, prepare-se. Em pouco tempo um dos dois, ou ambos, poderão fazer parte do seu cotidiano. E essa mudança de comportamento se deve, em partes, a filmes ou livros.

Segundo dados da Abeme (Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual), o número de pessoas que comercializam produtos eróticos de porta em porta passou de 3 mil, em 2006, para 45 mil, em 2011, e quase 80 mil no final de 2012.

Esses saltos se devem, de acordo com Paula Aguiar, presidente da Abeme, aos lançamentos dos filmes "De Pernas pro Ar" (2011) e "De Pernas pro Ar 2" (2012). O primeiro levou aos cinemas 3,5 milhões de expectadores, enquanto a continuação, ainda nos cinemas, já foi vista por 4,4 milhões de pessoas.


No primeiro filme, Ingrid Guimarães interpreta Alice, uma workaholic que perde o emprego e o marido no mesmo dia. Frustrada por nunca ter tido um orgasmo, ela e Marcela (Maria Paula) se associam para a compra de uma sex shop e passam a vender produtos eróticos de porta em porta. A continuação retrata o sucesso da dupla e a criação da primeira filial nos Estados Unidos.

"A mídia sempre influencia o mercado erótico. A série 'Sex and the City' e as personagens Tiazinha e Feiticeira provocaram a venda de produtos. Os filmes da Ingrid, por sua vez, instigaram o mercado empresarial", explica Paula.

O que também inspirou o consumo de produtos desse gênero foi a trilogia "soft porn" da inglesa E. L. James. No primeiro romance, "50 Tons de Cinza", Anastasia Steele se apaixona por um executivo, Christian Grey, e começam a ter uma relação sadomasoquista, em que ele gosta de impor sofrimento físico e moral a ela. Os dois outros livros --"50 Tons mais Escuros" e "50 Tons de Liberdade"-- se baseiam no desenrolar desta história de amor conturbado.

MUDANÇA NO MERCADO

Quando Érica Rambalde entrou no mercado de produtos eróticos, em 2005, "não havia pesquisa no setor". Por isso ela começou a buscar informações sobre o tema e descobriu uma demanda reprimida de clientes.

"Os ambientes não eram adequados, a abordagem dos vendedores era inconveniente. As mulheres queriam comprar, mas se incomodavam em entrar nesses lugares", analisa.

Érica desenvolveu, então, uma linguagem que se adequasse ao público consumidor. Começou vendendo produtos de porta em porta, fundou a loja física da Sexy Delícia em 2009 e o site em 2010. Fez tanto sucesso que uma reportagem sobre sua trajetória inspirou o diretor Roberto Santucci na criação da protagonista do longa "De Pernas pro Ar".


No Brasil, o mercado de produtos eróticos começou há cerca de 30 anos. Primeiramente dedicado aos homens, foi recentemente que passou a dar atenção ao público feminino.

Segundo dados da Abeme, as mulheres que admitiram a visita a uma sex shop passou de 15%, em 2007, a 70%, em 2012. Além disso, as que consideram a loja como um lugar para elas também cresceu: de 16%, em 2006, para 82%, em 2012.

Focado nelas, o setor desenvolveu mais de 40 sabores de géis para o sexo oral, enquanto no exterior a variedade não ultrapassa dez. "Enquanto a americana e a europeia querem chegar ao orgasmo, a brasileira pensa no parceiro, em surpreender na cama", afirma Paula.

"A mulher brasileira não quer o erótico, e sim o sensual", completa Érica.

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