Factoides

HUMOR: Os lenhadores do Baixo Augusta

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Leio por aí que o lumbersexual (de "lumberjack", lenhador) veio substituir o metrossexual como tendência nesse fascinante mundo da moda masculina. Saem Cristiano Ronaldo e sua sobrancelha muito bem feitinha, entra aquela turma branca e de classe média/alta que gasta uma grana preta pra se parecer com um mendigo (aliás, espero que o fato de estar escrevendo este texto de short velhão e camiseta rasgadaça me confira o discreto charme do outsider).

Vejo no Twitter fotos dos tais lumbersexuais e, fora o rótulo novo, não percebo nada diferente daqueles hipsters barbudos com camisa de flanela que há anos infestam lugares como o Baixo Augusta, usam Instagram e exalam a profunda tristeza de ter que morar em SP e não em Williamsburg. Observo melhor e reparo que um dos exemplos de lumbersexualidade -parece que "lumbersexualismo" é ofensivo– é um rapaz com a barra do jeans caprichosamente virada.

Crédito: Pierre-Philippe Marcou/AFP CR7 está fora de moda: cool agora é gastar o mesmo que ele pra ter cara de quem não toma banho há um mês
CR7 está fora de moda: cool agora é gastar o mesmo que ele pra ter cara de quem não toma banho há um mês

Como me disse certa vez um presidente da Academia Brasileira de Letras: ora, porra. Imaginem se lenhador TRUE, com as mãos cheias de calos, vai se preocupar com uma frescura do tipo virar a barra da calça. Não é só nunca ter derrubado uma árvore -se bobear, esses lumbersexuais bebedores de chai latte e público-alvo de food truck saem correndo e gritando se soltarem uma galinha na frente deles. Fosse do sindicato dos lenhadores, eu processava.

(Notem com que destreza evitei piadas com "tronco" e "cabo do machado". Até porque a internet já fez todas elas por mim. O papel aceita tudo; a internet, tudo e mais um pouco.)


Dizem que o desvio na Petrobras pode ter chegado a R$ 23 bilhões. Abstrato demais? Esse dinheiro dá e sobra para pagar Bolsa Família a 14 milhões de famílias por um ano. Prioridades.


Discussão de mesa de bar sobre pra que serve ser politicamente centrista, a não ser pra levar bordoada dos dois extremos. Amigo declara que nunca, em toda a história da humanidade, uma pessoa conseguiu comer outra dizendo ser "de centro". Concordo, mas pondero que, na prática -se bem usado–, o centrismo pode permitir incursões amorosas à esquerda e à direita; é uma espécie de bissexualidade política (o dobro de opções pra sair no sábado à noite etc.).

Só não mando um "gata, me chama de PMDB e vem pra suruba em nome da governabilidade" porque é preciso ser muito sedutor pra isso funcionar -sedutor num nível Sarney, Michel Temer ou Renan Calheiros com implante. Mas um dia eu chego lá, nem que seja na honestidade.

RUY GOIABA é a favor de deportar todos os hipsters para Williamsburg e transformar o visual seringueiro em tendência. É mais ecológico, sustentável e permite uma infinidade de piadas inteligentes com a expressão "tirar leite do pau".

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas Notícias