Existe uma expressão em inglês, "pet peeve", que se traduz como "implicância", mas literalmente é algo como "irritação de estimação". Cultivo várias –já que não tenho bicho de estimação convencional, do tipo cão e gato, compenso isso cuidando com carinho das minhas irritações (alimento, dou banho, levo para tosar etc.). Uma delas é contra bares que ostentam a palavra "boteco" no nome: invariavelmente, trata-se de fraude, já que boteco verdadeiro não tem nem nome na porta.

Mas outro dia passei na frente de um lugar que se apresenta como BHAR. Com H no meio, juro —e não é em Belo Horizonte (BH + bar). Minha irritação de estimação se irritou tanto que pensei em convocar uns black blocs para redecorar o local. Sério, que "merdha" é essa? Quem é o cidadão que em sã consciência vai beber num "bhar" com H? Só devem servir "cervejjah" lá, naturalmente à base de milho e da urina do dono. Ou algo mais sofisticado:"petty gathô gourmet", talvez.

Imagino que a culpa seja da numerologia —li por aí que H e Y são "letras neutras" e fáceis de incorporar ao nome. Dize-me quantos Hs e Ys e letras dobradas acrescentas ao teu nome, que eu te direi quão cafona és: vocês não leriam os meus textos se eu me assinasse "Rhuy Ghoyabbah", certo? Nem eu me leria. Fora que aparentemente não funciona, porque não havia vivalma no tal "bhar". O que é merecido. (Pronto, agora a irritação de estimação vai para casinha dormir. No próximo capítulo, técnicas para aplicar uma voadora à moda de Bruce Lee na nuca de quem se planta na saída da escada rolante.)

E, na seção "rumual ékissa" desta coluna, a mais relevante das notícias sobre o Mundial que li na semana passada: "Bumbum de Hulk é eleito o melhor da Copa". O atacante brasileiro com nome de monstro verde não devia nem concorrer: ele é uma espécie de Valesca Popozuda, ou Mulher Melancia, do futebol mundial, capaz de matar um zagueiro com um golpe de bunda (e tenho certeza de que isso está previsto no esquema tático do Felipão, para ser usado no momento oportuno).

Nem estou sendo irônico nesse "relevante" do parágrafo acima. Relevante é aquilo em que as pessoas clicam, e aposto que a avaliação dos glúteos do Hulk foi muito mais clicada que o noticiário sobre o PIB brasileiro. Já me preparo para o dia em que todos os jornais se transformarão na editoria "Caetano estaciona carro no Leblon" e metade dos textos será sobre a ex-paquita Xuca. Texto não, que ninguém lê: lista ("10 ex-paquitas que ninguém sabe por onde andam", "15 medalhões da MPB estacionando carros" etc.). E já me ofereço para, quando chegar a hora, reescrever a Bíblia à moda do "Buzzfeed": em vez das tábuas da lei, Moisés postando "10 ordens que, se você não cumprir direitinho, Deus acaba com a sua raça".

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RUY GOIABA não sabe se existe uma ex-paquita chamada Xuca, mas acha que deveria existir. Curte (de verdade) o Buzzfeed e espera que eles já tenham feito uma lista das suas dez melhores listas. E outra das dez piores.