Factoides

HUMOR: História concisa do rolezinho

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É oficial: domingão é dia de frango assado com a família, de ver o "Programa Silvio Santos" (ma oe!) e de fazer sociologia no Twitter, com toda a sofisticação e a profundidade que 140 caracteres por vez permitem. E olhe que nem sou como um amigo que diz que, quando lê a palavra "sociologia", saca logo sua pistola (e abre uma aba do Xvideos) –mas, sério, prefiro o Faustão, com aquelas camisas horríveis, gritando OLOKO em looping.

A polêmica da vez foram os rolezinhos e as liminares que alguns shoppings de SP conseguiram para barrar os rolezeiros –que, em Itaquera, foram tratados pela polícia com o CHAMEGO habitual. Teve de tudo: autonomeada socialista com nojinho de gente que come em shopping, brancos de classe média que nunca pisaram na periferia teorizando sobre o rolezinho ENQUANTO protesto (apesar de um dos garotos dizer que o objetivo, nobilíssimo aliás, é "pegar mulher"), comparações com o apartheid sul-africano (Mandela mal morreu e já faz "Madiba dance" na tumba) e gente achando que o pessoal da periferia tem mesmo de ser tratado à base do "spa policial", incluindo esfoliação, ops, esfolação e massagem de gengiva com cassetete.

Enquanto as contradições não se resolvem com um rolezinho patrocinado pela Globo e promovido pelo Luciano Huck ou pela Regina Casé, como sugeriu o amigo @ElFatsoForgotso no Twitter, digo apenas o seguinte: falta PERSPECTIVA HISTÓRICA nessa bagaça. Diferentemente do que dizia Karl Marx, o mais comédia dos irmãos Marx, o que move a história não é a luta de classes, e sim o rolezinho. Se vocês duvidam, aqui vai uma série de exemplos de rolês "do bem" e "do mal" que explicam o nosso mundo como ele é.

Crédito: NASA/AFP ORG XMIT: 374901_1.tif Bandeira dos EUA fincada na Lua por astronautas da Apollo 11. This 20 July 1969 file photo released by NASA shows the lunar lander and the US flag taken by Apollo 11 astronaut Edwin E. "Buzz" Aldrin, Jr. on the surface of the Moon. The 20th July 1999 marks the 30th anniversary of the Apollo 11 mission and man's first walk on the Moon. Astronaut and first man on the moon Neil Armstrong is near the lunar lander at right. AFP PHOTO NASA
Rolezinho dos americanos na Lua: Os caras não ouviam funk ostentação, mas levaram até bandeira.

ROLEZINHO DO CRISTIANISMO

Aquela galerinha do barulho que aprontava altas confusões na Judeia, ressuscitando mortos, transformando água em vinho etc. Como se sabe, a história não terminou bem para o líder do rolê. Seus seguidores ainda sofreriam um bocado em Roma, onde o pessoal achava jogar aos leões mais divertido do que pedir liminar.

ROLEZINHO DOS BÁRBAROS

Séculos depois, o Império Romano não suportou a invasão de Átila, que curtia um funk ostentação no talo em seu Uno. Vândalos, visigodos e os cara do Charlie Brown que invadiram a cidade completaram a destruição.

ROLEZINHO DAS CARAVELAS

"Cabral, vamolá na ilha de Vera Cruz zoar o barraco e pegar umas índias de vergonhas saradinhas?"

"Demorô, Caminha. Vambora." E chegaram a Porto Seguro dois meses depois do Carnaval –foi uma lou-cu-ra.

ROLEZINHO DA BASTILHA

Não adiantou a aristocracia francesa torcer o narizinho empoado. A turma que cantava "a-há, u-hu, Maria Antonieta, eu vou comer seu brioche" (como se vê, o forte dos revolucionários não era a rima) e "ê-ô, ê-ô, Robespierre é o Terror" tomou conta do pedaço –o chato é que às vezes o pessoal perdia a cabeça nesses rolezinhos.

ROLEZINHO DAS GUERRAS NAPOLEÔNICAS

Cansado de ouvir referências pouco elogiosas à sua altura, Napoleão Bonaparte, o Nelson Ned da França, saiu tocando o horror na Europa, o que obrigou dom João 6º a dar um rolezinho no Brasil por uns tempos. Mas a alegria do francês acabou na Rússia, que era tipo um shopping center com o ar condicionado a -60ºC.

ROLEZINHO DA REVOLUÇÃO RUSSA

Povo com muita vodca na lata gritando "vamo invadir!" na frente do Palácio de Inverno e querendo derrubar o czar pra ganhar moral com as gatas na night de São Petersburgo. No funk do cossaco não fica cossaco fora!

E nem vamos falar dos rolezinhos mais bad vibe, como os da Segunda Guerra (nazistas entram na Polônia ouvindo Wagner no talo), os do Osama com aviões etc. O fato é que a história do rolezinho é a história da humanidade –até na Lua o CERUMANO já foi dar um rolê. Afinal, o planeta Terra é a perifa do Universo.


RUY GOIABA já cogitou fazer um rolezinho individual usando aquele maiô do Borat, mas acha que só será bem-vindo no shopping Frei Caneca –e olhe lá. Chega de discriminação estética! Pensam que é bonito ser feio?

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