HUMOR: História concisa do rolezinho
É oficial: domingão é dia de frango assado com a família, de ver o "Programa Silvio Santos" (ma oe!) e de fazer sociologia no Twitter, com toda a sofisticação e a profundidade que 140 caracteres por vez permitem. E olhe que nem sou como um amigo que diz que, quando lê a palavra "sociologia", saca logo sua pistola (e abre uma aba do Xvideos) –mas, sério, prefiro o Faustão, com aquelas camisas horríveis, gritando OLOKO em looping.
A polêmica da vez foram os rolezinhos e as liminares que alguns shoppings de SP conseguiram para barrar os rolezeiros –que, em Itaquera, foram tratados pela polícia com o CHAMEGO habitual. Teve de tudo: autonomeada socialista com nojinho de gente que come em shopping, brancos de classe média que nunca pisaram na periferia teorizando sobre o rolezinho ENQUANTO protesto (apesar de um dos garotos dizer que o objetivo, nobilíssimo aliás, é "pegar mulher"), comparações com o apartheid sul-africano (Mandela mal morreu e já faz "Madiba dance" na tumba) e gente achando que o pessoal da periferia tem mesmo de ser tratado à base do "spa policial", incluindo esfoliação, ops, esfolação e massagem de gengiva com cassetete.
Enquanto as contradições não se resolvem com um rolezinho patrocinado pela Globo e promovido pelo Luciano Huck ou pela Regina Casé, como sugeriu o amigo @ElFatsoForgotso no Twitter, digo apenas o seguinte: falta PERSPECTIVA HISTÓRICA nessa bagaça. Diferentemente do que dizia Karl Marx, o mais comédia dos irmãos Marx, o que move a história não é a luta de classes, e sim o rolezinho. Se vocês duvidam, aqui vai uma série de exemplos de rolês "do bem" e "do mal" que explicam o nosso mundo como ele é.
ROLEZINHO DO CRISTIANISMO
Aquela galerinha do barulho que aprontava altas confusões na Judeia, ressuscitando mortos, transformando água em vinho etc. Como se sabe, a história não terminou bem para o líder do rolê. Seus seguidores ainda sofreriam um bocado em Roma, onde o pessoal achava jogar aos leões mais divertido do que pedir liminar.
ROLEZINHO DOS BÁRBAROS
Séculos depois, o Império Romano não suportou a invasão de Átila, que curtia um funk ostentação no talo em seu Uno. Vândalos, visigodos e os cara do Charlie Brown que invadiram a cidade completaram a destruição.
ROLEZINHO DAS CARAVELAS
"Cabral, vamolá na ilha de Vera Cruz zoar o barraco e pegar umas índias de vergonhas saradinhas?"
"Demorô, Caminha. Vambora." E chegaram a Porto Seguro dois meses depois do Carnaval –foi uma lou-cu-ra.
ROLEZINHO DA BASTILHA
Não adiantou a aristocracia francesa torcer o narizinho empoado. A turma que cantava "a-há, u-hu, Maria Antonieta, eu vou comer seu brioche" (como se vê, o forte dos revolucionários não era a rima) e "ê-ô, ê-ô, Robespierre é o Terror" tomou conta do pedaço –o chato é que às vezes o pessoal perdia a cabeça nesses rolezinhos.
ROLEZINHO DAS GUERRAS NAPOLEÔNICAS
Cansado de ouvir referências pouco elogiosas à sua altura, Napoleão Bonaparte, o Nelson Ned da França, saiu tocando o horror na Europa, o que obrigou dom João 6º a dar um rolezinho no Brasil por uns tempos. Mas a alegria do francês acabou na Rússia, que era tipo um shopping center com o ar condicionado a -60ºC.
ROLEZINHO DA REVOLUÇÃO RUSSA
Povo com muita vodca na lata gritando "vamo invadir!" na frente do Palácio de Inverno e querendo derrubar o czar pra ganhar moral com as gatas na night de São Petersburgo. No funk do cossaco não fica cossaco fora!
E nem vamos falar dos rolezinhos mais bad vibe, como os da Segunda Guerra (nazistas entram na Polônia ouvindo Wagner no talo), os do Osama com aviões etc. O fato é que a história do rolezinho é a história da humanidade –até na Lua o CERUMANO já foi dar um rolê. Afinal, o planeta Terra é a perifa do Universo.
RUY GOIABA já cogitou fazer um rolezinho individual usando aquele maiô do Borat, mas acha que só será bem-vindo no shopping Frei Caneca –e olhe lá. Chega de discriminação estética! Pensam que é bonito ser feio?
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