Factoides

HUMOR: Barbárie goleou Civilização e manteve liderança no campeonato

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Esta semana, o fla-flu Civilização x Barbárie terminou com a Civilização apanhando feito cachorro. A Barbárie deu carrinho, pontapé e cavou pênalti. A Civilização ficou só olhando e levando gol, um atrás do outro. Vamos aos melhores lances da partida.


A NSA do Barack Obama grampeou 35 líderes mundiais. Trinta e cinco! Três dezenas e meia! E, valha-me Deus, dizem que espionou até o Vaticano durante o último conclave.


"Conclave" parece título de ficção científica ruim com o Wagner Moura no papel de latino bonzinho ("Conclave - O Amanhã do Futuro"). Parece mas não é, cabeção. Conclave é quando os cardeais se reúnem para eleger o novo Papa.

"E agora no desfile de trajes típicos... Waleska, cardeal arcebispo de Cracóvia. Eminência, qual é o seu grande sonho e qual é o seu livro preferido?"

"Ah, meu sonho é a paz mundial! Já meu livro preferido é 'O Diário de um Mago', do Paulo Coelho. Não, tô brincando! É a 'Bíblia' mesmo. Tão profunda a Bíblia, né? A-amo!"


Ainda na editoria de ocultismo: o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou que o rosto de Hugo Chávez apareceu gravado em pedra durante uma escavação do metrô! Em outras ocasiões, Chávez surgiu flutuando nas montanhas e também em forma de passarinho, pra fazer caca na cabeça dos opositores ao bolivarianismo triunfante. Simon Bolívar, todo mundo sabe, era a identidade secreta do Zorro, herói que lutou pela independência da Bolívia, da Venezuela, de Dolores Del Rio, da Shakira e do Guacamole.

Crédito: Edson Aran


Outro lance em que a Barbárie entrou duro por trás foi a jogada da argentina Cristina Kirchner (saúde!). Mesmo no hospital, ela conseguiu aprovar uma lei antimonopólio que obriga o grupo "Clarín" a vender vários de seus canais de TV e emissoras de rádio. Monopólio é coisa chata, eu concordo. Principalmente o monopólio da opinião a favor do governo. Como dizia o Millôr, "imprensa é oposição, o resto é armazém de secos e molhados".


Como estava ganhando de goleada, a Barbárie resolveu fazer uma substituição no início do segundo tempo. Roberto Carlos entrou no lugar de Paula Lavigne e já veio chutando com as duas. Disse que é, sim, a favor de biografia não autorizada --desde que o biografado goste da biografia. Se não gostar, aí o Rei é contra. Igualzinho a rainha Cristina Kirchner (saúde!).


É por isso que ninguém mais escreve realismo mágico aqui no subcontinente, gente. Chuva de 40 anos, ditador de quinze metros de altura, fantasmas comunistas fazendo discursos inflamados debaixo do pé de jaca... Isso acontece todo dia só na parte da manhã. À tarde, ainda tem greve de maritacas, protesto de paquidermes e deputados batendo asas. Acabou a mágica, agora só tem realismo.


A Civilização tentou reagir à goleada da Barbárie, mas tropeçou nos próprios pés e foi de cara no chão. O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, falou que quer dialogar com o Black Bloc. Dialogar com o Black Bloc? Ok. Então tá então.

"Nóis qué distruí u capitalismu e a democracia e qué subistituí u congreçu pelu feicibúqui!"

"Veja bem, companheiro Black Bloc, destruir o capitalismo e a democracia não pode. Esta semana vocês destroem a democracia e na segunda a gente pensa como acabar com o capitalismo, que tal?"


Enquanto isso, em São Paulo, tem gente vendendo o imóvel para pagar o IPTU do prefeito Fernando Haddad, que precisa de mais verba para pintar faixas de ônibus no chão. Faixa de ônibus pode, né? Agora, fazer metrô, que é bom, ninguém quer. Vai que encontra a cara do Lula dentro do buraco... Melhor não.


E esse foi o fim do jogo, amigos e fieis leitores. Placar final: Barbárie 10, Civilização 0. Mas o campeonato está só começando. Continue com a gente, pois logo mais no estádio Joseph Goebbels tem Quebra-Quebra x Estado Ausente. O Quebra-Quebra só precisa do empate para desclassificar o Estado Ausente. Não saia daí.


EDSON ARAN é autor de cinco livros. O mais recente, "Delacroix Escapa das Chamas" (Editora Record), é uma sátira futurista passada na São Paulo de 2068. Foi diretor das revistas "Playboy", "Sexy" e redator-chefe da "Vip". É um tuiteiro compulsivo e sua conta é @EdsonAran.

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