Factoides

HUMOR: Os hipsters barbados e outras bestas

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Este é mais um trecho de "O Livros dos Seres Imaginados", de Edson Aran, que será publicado postumamente ou prematuramente. O que vier primeiro.

OS HIPSTERS BARBADOS

Plínio, o Obstetra, situa a morada dos Hipsters Barbados na Baixo Augusta, mitológica região do Embustão.

Cultivam longas barbas que lhe dão aparência feroz, mas são dóceis como um amarante e sua voz é mais melodiosa que a do camelo.

Heródoto ("Histórias", tomo VIXI) descreve hordas de Hipsters Barbados se dedicando ao design, à música e à manutenção de bicicletas.

Os Hipsters Barbados são vagos e de existência fugaz, embora sua lenda tenha perdurado durante semanas nas regiões mais isoladas do Embustão.

Conta-se que Alexandre, o Grande, encontrou um Hipster Barbado quando seu exército deixava a Indie (não confundir com a Índia, que é outra coisa) para se adentrar nas regiões imberbes do Kafiristão (não confundir com o bloco do Camaleão, que também é outra coisa).

O Hipster Barbado saudou o jovem macedônio e decidiu homenageá-lo cantando "Ô Anajúliaaa! Ô Anajúliaaa!". Mas Alexandre estava com pressa e acabou passando com o Bucéfalo em cima dele.

Crédito: Edson Aran

AS VACAS SAGRADAS

Numa página perdida da "Odisséia", reencontrada num mercado de peixes em Cádiz, o poeta grego Homero descreve assim as Vacas Sagradas:

"Na Terra dos Beócios, Odisseu encontrou as Vacas Sagradas
Eram enormes e seus chifres de madrepérolas tocavam o céu
Pastavam tranquilas e indiferentes, comendo capim com prazer
As Vacas Sagradas eram protegidas por todos os deuses
Menos Atena, que tinha saído para ir ao shopping" (*)

(*) Tradução do poeta concreto Oraldo Grunhevaldo

Ao avistar uma Vaca Sagrada, os homens de Odisseu, famintos em sua odisseia, ousam atacá-la para fazer hambúrguer. Eles são imediatamente fulminados por um raio certeiro de Zeus que é pra deixarem de ser bestas.

Plínio, o Ornitólogo, escreve que as Vacas Sagradas viviam mil anos mais um dia. Contrariá-las atraía má sorte, por isso os Beócios faziam sacrifícios regulares de críticas, resenhas, elegias, jabutis e incenso.

O JENESSEQUÁ

A mitologia medieval dos medievos, moradores da Mediévia, é pródiga em descrições do Jenessequá. Alguns o afirmam com asas de elefante, patas de serpente, penas de cachorro e nadadeiras de rouxinol.

Outros relatos mencionam olhos de ressaca, ouvidos de mercador, boca de siri, língua nos dentes e dedos a medir.

Na ópera "Der Verdammt Von Ragnarök", de Richard Wagner, o herói Swölwagnhahahahag encontra um Jenessequá enquanto viaja como mochileiro até o Valhala.

O Jenessequá o envolve com seus tentáculos multicores e saltita pela Germânia, esmagando no caminho alguns milhares de nibelungos que entregavam o anel numa boate próxima.

No fim da saga, Odin perde a paciência e manda Richard Wagner se enfiar numa caceta. Não se sabe o que acontece com Swöwagnhahahahahahahag.

Plínio, o Obtuso, nunca viu um Jenessequá, pois viveu quinhentos anos antes da existência dos medievos, mas, se o visse, o descreveria com cara de pau, dentes de alho, nariz de cera, rabo entre as pernas, saco cheio e sem pé nem cabeça.


EDSON ARAN é autor de cinco livros. O mais recente, "Delacroix Escapa das Chamas" (Editora Record), é uma sátira futurista passada na São Paulo de 2068. Foi diretor das revistas "Playboy", "Sexy" e redator-chefe da "Vip". É um tuiteiro compulsivo e sua conta é @EdsonAran.

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